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Pedro Narra distinguido pelos Nature Images Awards 2015

18.12.2015

O fotógrafo português Pedro Narra arrecadou o terceiro prémio na categoria SOS Espécies Ameaçadas – Foto Reportagem na 5ª edição do concurso Nature Images Awards 2015 com uma série de fotografias sobre o trabalho de conservação das tartarugas-verdes no arquipélago dos Bijagós (Guiné-Bissau).

 

Pedro Narra, fotógrafo de natureza de 41 anos e natural de Setúbal, apresentou a concurso fotografias que fez em 2014 no arquipélago dos Bijagós com um propósito claro: contar a história das tartarugas-verdes (Chelonia mydas).

 

 

 

“Passei cerca de uma semana numa ilha deserta, a Ilha de Poilão”, contou à Wilder. No início da época das chuvas, centenas de tartarugas começam a chegar à ilha para iniciarem a desova. “Numa noite no pico da época de acasalamento chegam a terra mais de 900 animais numa praia com apenas cerca de dois quilómetros de extensão”, notou.

 

 

As tartarugas e os seus ovos ainda fazem parte da dieta Bijagó, sendo capturadas pela população. Parte dos trabalhos para conservar esta espécie na ilha passam pela promoção de encontros com conservacionistas da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) e do Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP) da Guiné-Bissau.

 

 

Segundo Pedro Narra, “todas as semanas, dois membros jovens da Ilha de Canhabaque – a quem pertence a Ilha de Poilão – participam em campanhas de monitorização das tartarugas, ajudando e acompanhando os trabalhos científicos em curso”.

 

 

Além disso, ajudam a devolver ao mar as tartarugas recém-nascidas que ficam presas nas rochas ao tentarem chegar ao mar.

 

 

O fotógrafo esforçou-se por não perder nada desta história de tartarugas mas também daqueles que as protegem. “O trabalho era muito desgastante. Durante a noite acompanhava as tartarugas na desova e durante o dia explorava a ilha. Queria captar comportamentos predativos por parte das aves ou dos répteis.”

 

 

No final, o esforço foi reconhecido pelo júri do Nature Images Awards 2015, concurso internacional de fotografia de natureza organizado pela revista Terre Sauvage e pela UICN. A sua reportagem fotográfica valeu-lhe o terceiro lugar numa das 10 categorias a concurso, SOS Espécies Ameaçadas, com um valor de 500 euros.

 

 

O júri – composto por sete peritos, entre eles Eric Baccega, fotógrafo e representante da Nature Picture Library em França, Dora Godinho, responsável pela comunicação no programa SOS – Save Our Species, na UICN, e Pascal Riner, director artístico da revista Terre Sauvage – reconheceu a “qualidade técnica e artística das fotografias, assim como o interesse e a pertinência do tema proposto, coerência e qualidade da narrativa através da imagem”.

Os trabalhos deveriam concentrar-se em espécies incluídas na Lista Vermelha da UICN e nos problemas de sobrevivência que enfrentam e na sua conservação.

 

 

Pedro Narra, que colabora com a revista National Geographic Portugal, tem dedicado parte da sua vida a fotografar espécies ameaçadas, tendo viajado pela Antártica, Ásia e África. Em 2009 publicou o livro “Golfinhos do Sado” que regista a vida e história da única comunidade residente de golfinhos roazes em Portugal.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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