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Lobo (Canis lupus). Foto: Marcel Langthim/Pixabay

Os lobos estão de regresso à Holanda, 140 anos depois

12.04.2019

Depois de 140 anos desaparecidos do território da Holanda, tudo indica que os lobos podem estar de regresso ao país. Há possibilidade de nascimento das primeiras crias na natureza, em breve.

 

Cientistas da Universidade de Wageningen acreditam que a Holanda está prestes a ter uma população residente de lobos, devido à confirmação da presença continuada de uma fêmea, há mais de seis meses, e a vestígios da presença de um macho e de uma outra fêmea, na mesma região.

Hugh Jansman, cientista da Universidade de Wageningen, tem seguido o rasto de duas fêmeas de lobo ao longo dos últimos meses, recolhendo pistas da sua presença, como pegadas e excrementos nas quais se consegue identificar o ADN.

Para já, conseguiu confirmar que uma das duas fêmeas permaneceu na Holanda durante os últimos seis meses, pelo que é considerada “estável”. Quanto à segunda fêmea, ainda não há certezas.

Em causa está a a região do Parque Nacional De Hoge Veluwe, em especial as florestas em redor desta reserva natural holandesa que fica no leste do país, na província de Gelderland.

Na mesma área também há vestígios da presença de um lobo macho, mas há menos do que seis meses. Segundo o jornal NU.nl (notícia em holandês), os cientistas acreditam que poderão nascer as primeiras crias em Maio. Para já, a área em volta do parque foi declarada habitat de lobos.

Pelo menos desde 2015 que têm sido observados lobos em território holandês, de forma casual, mas essa presença tem vindo a crescer. Entre os últimos meses de Novembro e Janeiro, por exemplo, houve pelo menos quatro registos.

Ainda assim, até há pouco tempo pensava-se que eram animais que atravessavam a fronteira desde a Alemanha e pouco depois ali regressavam. Desde 2000 que está confirmada a presença de lobos naquele país, quando ali nasceram as primeiras crias na natureza, depois de 150 anos desaparecidos em território alemão.

Hugh Jansman acredita que o regresso dos lobos vai ser uma mais-valia, uma vez que estes predadores de topo podem ajudar a manter o equilíbrio ecológico. “Temos estado a caçar 50% dos veados e 80% dos javalis, só para conseguirmos manter um nível aceitável. Acho que os lobos podem fazer muito bem”, disse ao programa televisivo EénVandaag, citado pela BBC.

 

Director do Parque Nacional preocupado

Opinião contrária tem o director do Parque Nacional De Hoge Veluwe, preocupado com o impacto que estes animais poderão ter nos carneiros selvagens típicos da região, conhecidos como muflões.

“Um muflão come plantas que as vacas e os cavalos não comem. No momento em que perder todos os meus muflões, tenho um grande problema”, afirmou Seger Emmanuel baron van Voorst tot Voorst, citado pelo NU.nl.

Também há alguns criadores de ovelhas que se mostram apreensivos e até há mesmo quem aconselhe a que haja o direito de disparar sobre os lobos, “em situações extremas”, como é o caso de um conselheiro provincial, Jeroen Piksen. Hoje em dia isso é totalmente proibido, uma vez que se trata de uma espécie protegida.

Em contrapartida, há ambientalistas, como o holandês Leo Linnartz, que defendem o investimento do Estado em cercas eléctricas e em cães de gado. “A Alemanha mostrou que podemos ensinar aos lobos que apanharem gado não vale o esforço”, comentou.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde porque é que os lobos do Alto Minho, em Portugal, surpreenderam os biólogos que os acompanham há 12 anos, aqui.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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