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ONU e França insistem que luta climática é “irreversível” e “imparável”

15.11.2016

A luta contra as alterações climáticas é um comboio sem freios. “Imparável”, diz Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. “Irreversível”, diz o Presidente francês, François Hollande. A eventual saída dos EUA do Acordo de Paris, prometida pelo Presidente-eleito Donald Trump, é o elefante na loja de porcelana da COP22 de Marraquexe, de 7 a 18 deste mês.

 

Donald Trump foi muito claro durante a campanha eleitoral. Não acredita nas alterações climáticas e promete pôr um fim ao plano do Presidente Barack Obama para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) – em cerca de 28% abaixo dos níveis de 2005 até 2025. Ameaçou ainda bater com a porta e sair do Acordo de Paris, selado a 12 de Dezembro de 2015 em Paris e que hoje já foi assinado por 110 países. Tudo deixou os ambientalistas preocupados.

Esta posição teve eco hoje na abertura do segmento de alto nível da 22ª Conferência das Partes (COP) das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas em Marraquexe (Marrocos). O Presidente francês François Hollande disse em plenário que o Acordo de Paris “é irreversível”. “Os Estados, empresas e cidadãos de todo o mundo multiplicam as iniciativas, os projectos e as soluções que permitem conjugar a luta contra as alterações climáticas e o desenvolvimento”.

Hollande saudou o compromisso de Barack Obama, lembrando que foi mesmo “crucial” para o Acordo de Paris no ano passado. Agora, “é essencial que os Estados Unidos, principal potência económica mundial e segundo emissor de gases com efeito de estufa, respeitem os compromissos que assumiram. É do seu interesse”.

O objectivo do Acordo de Paris é limitar o aumento das temperaturas nos 2ºC, ou se possível, nos 1.5ºC até ao final do século.

Hoje, numa conferência de imprensa antes da abertura do segmento ministerial da COP22, o secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, salientou que “nenhum país, por mais poderoso e rico que seja, está imune aos impactos das alterações climáticas”.

Perante as perguntas dos jornalistas face à posição de Donald Trump, o secretário-geral da ONU adiantou que já falou com o Presidente eleito na semana passada e que irá voltar a insistir. “Tenho esperança que Trump ouça verdadeiramente e compreenda a gravidade e a urgência da luta contra as alterações climáticas”, disse hoje Ban Ki-moon. “Estou confiante em como ele vai voltar atrás nas posições que assumiu durante a campanha.”

Tanto mais que, lembrou, “a unidade global em torno das alterações climáticas, dantes considerada impensável, tornou-se hoje imparável”. Esta posição foi reiterada pela directora-executiva da Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas, Patrícia Espinosa.

O primeiro-ministro português António Costa é um dos 54 chefes de Estado que discursam no plenário da COP22. Ao final da tarde, segundo a agência Lusa, citada pelo jornal Público, António Costa vai defender a rápida aplicação do Acordo de Paris.

A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, que participa nos trabalhos através da delegação portuguesa e no quadro da Rede Europeia de Ação Climática (CAN-Europe), apela ao primeiro-ministro para comprometimento ambicioso, segundo um comunicado enviado ontem à Wilder. “É importante que Portugal seja, nas palavras e nos atos, um campeão nas energias renováveis, na eficiência energética, na mobilidade sustentável e que tenha a coragem de planear rapidamente o fim do uso de carvão na produção de eletricidade, minimizando mas aceitando eventuais custos decorrentes da integração no mercado ibérico, mas procurando concertar com Espanha uma politica mais verde para a energia”, acrescentou.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Acompanhe aqui a COP22.

E saiba que o sobreiro é um aliado de peso na luta contra as alterações climáticas.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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