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Foto: Jack Drafahl/ Pixabay

Florestas de algas transportam 56 milhões de toneladas de carbono para oceano profundo

29.05.2024

Aliadas poderosas no combate às alterações climáticas, as florestas marinhas de algas transportam cerca de 56 milhões de toneladas de carbono para sumidouros no oceano profundo, ajudando a regular a quantidade de CO2 na atmosfera, revela novo estudo.

As florestas de algas, compostas principalmente por algas castanhas gigantes como as famosas kelp, são o ecossistema costeiro vegetado mais extenso e produtivo do planeta. Estas florestas podem crescer tão rapidamente quanto as florestas terrestres, sendo, portanto, altamente eficientes na captura e armazenamento de carbono.

Uma equipa internacional de investigadores publicou um estudo na revista Nature Geoscience que abre novas oportunidades para a mitigação das mudanças climáticas através da preservação e restauração das florestas marinhas de algas.

Todos os anos, as florestas marinhas exportam cerca de 15% do seu carbono para as águas profundas do oceano, onde este pode permanecer retido durante centenas ou milhares de anos, estimou a equipa internacional, liderada por Karen Filbee-Dexter do Instituto Norueguês de Investigação Marinha e da Universidade da Austrália Ocidental e que integrou investigadores do Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Laboratório Associado (CIMAR-LA).

Estas estimativas foram efetuadas com base em modelos oceânicos globais que permitiram rastrear o destino do carbono das algas marinhas desde a costa até ao oceano profundo.

As florestas marinhas e o carbono azul

Historicamente, as florestas de algas marinhas foram excluídas do “carbono azul”, dado a incertezas sobre a sua capacidade de remover efetivamente carbono a longo prazo. Este estudo fecha esta lacuna de conhecimento e abre novas oportunidades para a mitigação das alterações climáticas em zonas polares e temperadas, onde as opções de remoção de carbono por ecossistemas costeiros são atualmente limitadas.

Jorge Assis e Isabel Sousa Pinto, investigadores do CIMAR – LA e co-autores deste estudo sublinharam, em comunicado, que estes resultados são de grande importância para a conservação marinha, uma vez que a perda ou a degradação destas populações de florestas marinhas leva à interrupção da absorção e transporte de carbono atmosférico para o mar profundo, onde fica potencialmente retido durante séculos ou mesmo milénios.

O estudo sublinha a necessidade urgente de proteger, gerir e restaurar as florestas marinhas de algas, que estão atualmente a ser perdidas em muitas regiões do mundo devido a uma variedade de pressões, que incluem as alterações climáticas, tipicamente traduzidas em ondas de calor extremo, mas também a poluição e a pesca.

Isabel Sousa Pinto, investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) e do CIMAR-LA, reforçou a importância da conservação e restauro das florestas de algas, “não só pelo seu papel na remoção de carbono, mas especialmente pelo papel que têm de berçário e refúgio para muitas espécies de animais, muitas delas importantes para a pesca”.

Jorge Assis, investigador do Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR) e do CIMAR-LA, acrescentou que “as florestas marinhas são um recurso para combater as mudanças climáticas e para preservar a biodiversidade nos nossos oceanos, devendo ser uma prioridade para o nosso país”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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