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O que estudantes de Évora viram numa saída de campo

20.04.2015

Um grupo de 16 alunos de Biologia da Universidade de Évora foi à procura dos anfíbios e répteis da Herdade da Mitra. A expedição, de noite e de dia, descobriu estas preciosidades.

Dezasseis estudantes dedicaram o fim-de-semana passado aos anfíbios. Quiseram saber mais sobre estes animais e foram à sua procura na Herdade da Mitra, no âmbito de um workshop organizado pelo Conselho de Estudantes de Biologia de Évora (CEBE).

Guiados por Luís Ceríaco, curador-adjunto das colecções de Herpetologia no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, descobriram seis espécies de anfíbios e sete espécies de répteis.

“A nossa saída de campo nocturna foi a mais produtiva em relação ao avistamento de anfíbios”, explica-nos Pedro Ceríaco, do CEBE. No percurso, que começou às 21h30, encontraram sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii), salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl), rela-meridional (Hyla meridionalis), sapo-corredor (Epidalea calamita), rã-verde (Pelophylax perezi) e cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa).

Durante a expedição na escuridão da noite, o grupo viu “um sapo de unha-negra a enterrar-se na areia com auxílio dos seus famosos tubérculos nas patas traseiras”, acrescenta Pedro Ceríaco. “E vimos um sapo-corredor a dar jus ao seu nome quando nos viu.”

Na manhã seguinte, na saída de campo não conseguiram ver anfíbios, ainda que tenha sido “fácil escutar as suas vocalizações perto do riacho de Valverde”. “Encontrámos, no entanto, vários répteis, mais concretamente cobras e lagartixas”. Ficou registada a presença de cobra-rateira (Malpolon monspessulanus), cobra-de-escada (Rhinechis scalaris), cobra-ferradura (Hemorrhois hippocrepis), cobra-cega (Blanus cinereus), lagartixa-ibérica (Podarcis hispanica) e lagartixa-do-mato (Psammodromus algirus).

Este foi o primeiro workshop de identificação de anfíbios organizada pela actual direcção do CEBE. A iniciativa foi aberta ao público em geral mas só se inscreveram alunos do curso de Biologia.

“Foi claramente uma experiência gratificante. A sua organização e planeamento foram muito simples e tudo correu como esperado. Todos os presentes se demonstraram curiosos, interessados e entusiasmados”, diz Pedro Ceríaco. Para o futuro, fica a promessa de um workshop de identificação de répteis em Junho e, “provavelmente, uma maratona herpetológica na Herdade da Mitra”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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