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Lontras marinhas. Foto: Pedro A. Pina

O que está por detrás das adoráveis lontras marinhas

23.09.2015

É difícil não gostar de lontras marinhas, animais brincalhões que mais parecem peluches. Mas esta é uma espécie Em Perigo de extinção. Há 100 anos estava reduzida a 2.000 animais em todo o mundo, por causa do comércio do seu pêlo. De 20 a 26 de Setembro decorre a 13ª Semana de Sensibilização para a Conservação das Lontras-marinhas, evento no qual participa o Oceanário de Lisboa.

 

Micas e Maré vivem no Oceanário de Lisboa, mais concretamente no habitat do Pacífico temperado. São filhas das lontras marinhas Amália e Eusébio. Durante esta semana, um educador marinho estará junto a elas, todos os dias entre as 15h00 e as 17h00, para falar sobre esta espécie, nomeadamente sobre a evolução e a adaptação destes mamíferos marinhos, a sua biologia e ecologia e o papel do Oceanário de Lisboa na sua conservação.

Outras dez instituições nos Estados Unidos e Canadá também organizam as suas Semanas dedicadas à lontra marinha (Enhydra lutris), entre elas a Academia de Ciências da Califórnia e o Aquário de Seattle.

Esta Semana é organizada pela associação norte-americana Friends of the Sea Otter e tem como objectivo “sensibilizar o público para o tema da conservação das lontras marinhas e o papel fundamental que esta espécie desempenha em alguns ecossistemas marinhos, promovendo programas de investigação e conservação”, explica o Oceanário de Lisboa.

 

Foto: Teresa Aires
Foto: Teresa Aires/Oceanário de Lisboa

 

Estima-se que existam hoje cerca de 125 mil lontras em todo o mundo, principalmente na Rússia e nos Estados Unidos (Alasca e Califórnia). Mas em 1911, chegaram mesmo a restar 2.000 animais, fragmentados em 13 colónias. As lontras começaram a ser caçadas depois dos exploradores russos terem chegado ao Alasca em 1741, dando início à caça para fins comerciais. Seguiram-se décadas de perseguição por causa do seu pêlo.

Hoje, depois de anos de projectos de conservação, os números recuperaram. Ainda assim, a tendência é que as populações diminuam, segundo a União Internacional de Conservação da Natureza (UICN). Estão ameaçadas pela poluição, derrames de petróleo, interacção com artes de pesca, predação e doenças, descreve a organização. Por isso está classificada como espécie Em Perigo de Extinção.

 

[divider type=”thin”]Saiba mais sobre a Micas e Maré

Micas e Maré, as duas lontras marinhas que actualmente moram no Oceanário, nasceram ali mesmo. Maré nasceu a 2 de Maio de 1998 e Micas a 26 de Julho de 2001.

Muitas vezes dormem de “patas” dadas, para não saírem do sítio. São os animais mais comilões de todos os que vivem neste aquário português: ingerem 30 por cento do seu peso por dia, o que equivale mais ou menos a nove quilos de comida.

Ao contrário das lontras portuguesas, que são lontras de água doce, as lontras marinhas passam todo o tempo no mar e por isso têm as patas traseiras em forma de barbatana. E cuidam muito do pêlo para o manterem impermeável, uma tarefa importante porque esta espécie, originária do Pacífico Norte, não tem gordura para se proteger do frio. Trabalho não lhes falta, pois são mesmo muito peludas: num centímetro podem ter tanto pêlo como um ser humano no corpo todo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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