A conservação do quebra-ossos na Andaluzia ganhou um novo fôlego com a postura de 14 ovos no Centro de Reprodução de Guadalentín, na época de reprodução 2015/2016. Segundo a Junta da Andaluzia este é um novo recorde. As crias deverão começar a nascer a partir do final deste mês.
Actualmente vivem em liberdade na Andaluzia 15 quebra-ossos (Gypaetus barbatus), ave das barbas escuras perto do bico e do vermelho vivo em redor dos olhos. Estes animais são fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos, começadas em 2006. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio passado.
No coração deste projecto de conservação está o Centro de Reprodução de Guadalentín, em Cazorla (Jaén). Desde que foi inaugurado em 1996, o centro, gerido pela Fundación Gypaetus, já viu nascer um total de 52 crias de quebra-ossos. O grande objectivo é estabelecer uma população autónoma e estável da espécie na Andaluzia, de onde se extinguiu há cerca de 50 anos devido aos envenenamentos e à perseguição humana directa.
Em Abril do ano passado, as autoridades confirmavam o nascimento da primeira cria em liberdade.
Agora, surgem mais notícias do projecto. A 11 de Janeiro, a Junta da Andaluzia anunciou a postura de 14 ovos por sete casais de quebra-ossos no Centro de Guadalentín. Até agora, as melhores temporadas tinham sido as de 2009/2010 e 2010/2011, com 13 ovos.
O primeiro ovo desta temporada foi posto a 8 de Dezembro de 2015 por Keno, fêmea emparelhada com Joseph. O último foi posto a 9 de Janeiro por Nava, emparelhada com Lázaro. O trabalho deste centro baseia-se em técnicas de reprodução natural. “A fecundação é natural e a incubação e o desenvolvimento das crias está a cargo dos pais. A intervenção humana é a mínima possível”, explicou a Junta.
Agora, os técnicos do centro estão atentos ao processo de incubação de cada casal, para assegurar ao máximo o seu êxito reprodutor. “Ainda assim, há que esperar quase dois meses para saber se os ovos se estão a desenvolver ou não”, diz a Junta da Andaluzia. Prevê-se que a primeira cria nasça no final de Janeiro ou no início de Fevereiro.
Em Portugal, a espécie está dada como extinta. Não se conhecem registos da sua ocorrência desde o final do século XIX, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). O registo mais preciso é de 1888 quando duas aves foram abatidas no rio Guadiana. Os exemplares estão hoje no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra.