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Foto: Programa de Conservação Ex-situ/Arquivo

Nasceram três crias no centro de reprodução do lince-ibérico

15.03.2021

Em plena época de partos de lince-ibérico, espécie Em Perigo de extinção, foi anunciado o nascimento a 12 de Março de mais três crias, filhas de Jabaluna e Hermes. Já são seis as crias neste centro português.

Esta será a época mais intensa nos cinco centros da rede ibérica de reprodução desta espécie. São 28 os casais de lince-ibérico (Lynx pardinus) formados para a época reprodutora de 2020/2021. O programa de conservação Ex-situ dedicado a este felino quer conseguir cerca de 40 crias para reforçar as populações na natureza.

Depois de Juromenha ter dado à luz três crias a 27 de Fevereiro, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) anunciou o nascimento de outras três crias a 12 de Março. São filhas de Jabaluna e de Hermes.

As crias são “aparentemente saudáveis” e “mostram uma grande vitalidade”, segundo o ICNF. A mãe parece estar a cuidar bem delas.

À semelhança de Juromenha, Jabaluna tem nove anos de idade. Nasceu a 2012 no Centro de Reprodução de El Acebuche, Doñana (Andaluzia).

É a quarta vez que é mãe no Centro Nacional de Reprodução de Lince Ibérico em Silves (CNRLI) e já teve 10 crias ao programa de conservação (excluindo as deste ano). Das cinco que sobreviveram, quatro foram reintroduzidas na natureza.

Hermes, com 10 anos, nasceu no Centro de Reprodução de La Olivilla, em Jaén. Já foi pai de quatro ninhadas no CNRLI, com Fresa (quatro crias) e Jabaluna (10 crias), tendo sobrevivido sete crias, seis das quais reintroduzidas na natureza.

As crias da Juromenha têm hoje 16 dias de vida e já começaram a abrir os olhos, no seu desenvolvimento normal.

O primeiro nascimento de 2021 na rede de centros de reprodução desta espécie na Península Ibérica aconteceu a 24 de Fevereiro no Centro de El Acebuche, em Doñana, Andaluzia. A fêmea Medronha deu à luz três crias.

O CNRLI – instalado em Vale Fuzeiros, São Bartolomeu de Messines, Silves – está no centro de um dos maiores esforços de conservação da Europa.

Segundo o censo mais recente, a população de lince-ibérico está estimada em 894 animais, foi revelado em Outubro passado. Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

A época dos nascimentos no CNRLI é o culminar de um ano de trabalho para a equipa que garante o funcionamento do centro e para os voluntários. O grande objectivo é conseguir crias saudáveis, treiná-las para a liberdade e, meses depois, soltá-las na natureza, para que novas populações de linces voltem aos territórios de onde se extinguiram há décadas.

A maioria das crias que nasçam este ano serão preparadas para serem libertadas na natureza e as restantes ficarão no programa para manterem a diversidade genética.

Nesta temporada de partos ainda faltam dar à luz no CNRLI quatro fêmeas: Fresa, Juncia, Kaida e Era.


Saiba mais

Série “Como nasce um lince-ibérico”

Uma equipa da Wilder esteve dois dias no CNRLI em Março de 2015 e assistiu ao último parto da temporada, ao lado de veterinários, tratadores, video-vigilantes e voluntários. Saiba como é o trabalho naquele centro e quem são as pessoas por detrás da reprodução em cativeiro desta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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