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Juvenis de flamingo. Foto: Agostinho Gomes

Nasceram 550 flamingos no Algarve

05.07.2021

Ficou assim comprovada a nidificação com sucesso destas aves em Portugal, que acontece pela primeira vez, anunciou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Os nascimentos de flamingos (Phoenicopterus roseus) aconteceram numa das salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, propriedade da Compasal, dona da Salina do Cerro do Bufo. “Uma colónia de cerca de 3000 indivíduos construiu perto de 800 ninhos com ovos, eclodindo agora cerca de 550 jovens flamingos”, explica o ICNF, num comunicado enviado à Wilder.

Foto: Agostinho Gomes

Segundo o instituto que tutela a conservação da natureza em Portugal, espera-se que os nascimentos desta espécie se repitam no país no prºoximo ano, tornando-se assim “uma situação recorrente”, pois isso “representaria uma importante adaptação da espécie a diferentes condições das que sempre tem tido nos locais habituais”.

Foto: Agostinho Gomes

Na área do Mediterrâneo, são conhecidos diversos locais onde estas aves nidificam – Grécia, Tunísia, Itália, França (Camargue), Espanha (Doñana e Fonte de Piedra). É desses locais que milhares de flamingos costumam voar para Portugal quando chegam os meses mais frios, em busca de alimento.

As tentativas de nidificação conhecidas este ano tinham sido anunciadas no final de Maio, mas ainda sem divulgação dos locais.

Outras tentativas no Tejo e Sado

Com efeito, a construção de ninhos de flamingo não aconteceu apenas no Algarve, pois na Reserva Natural do Estuário do Sado e na Reserva Natural do Estuário do Tejo também foram construídos meia centena de ninhos em cada uma destas áreas protegidas.

“Contudo, quer devido a alteração das condições físicas ocorrida nos locais, quer por se tratar de um número muito reduzido de casais, a nidificação não foi concluída”, adianta o ICNF, que indica que os dois locais foram abandonados.

Esta não foi a primeira vez que flamingos tentaram nidificar em território português, o que tem acontecido desde os finais dos anos 90 nas principais áreas protegidas em zonas húmidas – Estuário do Tejo, Estuário do Sado e Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António – e ainda noutros locais. Mas até hoje, nunca tinham sido observados juvenis aí nascidos.

Foto: Agostinho Gomes

O instituto destaca ainda a colaboração da Compasal, empresa que gere a salina onde nasceram os flamingos, pela “disponibilidade em manter todas as condições ambientais e de segurança, assim possibilitando o sucesso da nidificação”.

O ICNF agradece ainda a “discrição” das pessoas e entidades que tinham conhecimento dos locais mas não os divulgaram, “evitando deste modo a possível perturbação causada pela curiosidade da novidade”, e a reportagem fotográfica realizada pelo fotógrafo Agostinho Gomes, “por todo o cuidado e sensibilidade” com que acompanhou o processo.

Foto: Agostinho Gomes

Tal como o trabalho dos vigilantes de natureza da região, “por todo o esforço de manutenção da segurança e tranquilidade no local, o que tem permitido manter o processo de nidificação e desenvolvimento das crias, sem perturbações que possam vir a comprometê-lo”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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