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Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

Nascem as primeiras crias de lince-ibérico de 2024 em El Acebuche

01.03.2024

O Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-ibérico anunciou hoje o nascimento das primeiras crias de lince-ibérico (Lynx pardinus), espécie Em Perigo de extinção, de 2024 no centro de reprodução de El Acebuche, na Andaluzia.

“Partilhamos, mais um ano, o nascimento das primeiras ninhadas no centro de reprodução de El Acebuche”, segundo uma nota do Programa de Conservação. “Este é um momento que, por mais que se repita todos os anos, nos deixa cheios de emoção e de satisfação por todo o trabalho que está por detrás deste instante: gestão genética, programa sanitário, seguimento ecológico, gestão de exemplares, manutenção de instalações, alimentação, divulgação, análise e, sobretudo, muita paixão para contribuir para a recuperação desta espécie.”

Na madrugada de dia 28 de Fevereiro, a fêmea Sardina, fêmea nascida no centro de El Acebuche e criada a biberão em 2021, foi mãe pela primeira vez.

“Lamentavelmente, duas das suas três crias faleceram pouco tempo depois. Mas, apesar da incerteza inicial, Sardina está a cuidar da sua terceira cria, mostrando um bom instinto maternal.”

Vinte e quatro horas depois, na madrugada de dia 29 de Fevereiro, a fêmea Kolia – que já passou por 11 temporadas reprodutoras – deu à luz duas crias, as quais está a prestar todos os cuidados.

A época de partos na rede ibérica de centros de reprodução dedicados a esta espécie vive-se intensamente nos meses de Março e Abril. É o culminar de um ano de trabalho e representa o esforço ex-situ para conservar este felino que apenas vive em Portugal e Espanha. 

A maioria das crias que nascerem este ano serão reintroduzidas na natureza no início de 2023, para reforçar as populações selvagens.

O nascimento das primeiras crias de 2024 coincidiu com o momento em que estão a ser libertados na natureza as crias nascidas na Primavera de 2023 nos centros do Programa de Conservação Ex-Situ.

Segundo este programa, 11 linces nascidos no ano passado em El Acebuche estão a ser libertados em vários pontos da Península Ibérica como a Sierra Arana (Granada), Campos de Hellín (Albacete), Alcoutim (Portugal), Valdecañas (Cáceres) ou Lorca (Murcia), bajo el marco del proyecto Life Lynxconnect.

Este projecto – liderado pela Junta de Andaluzia, com participação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), da Infraestruturas de Portugal e da CIMBAL, por parte de Portugal – é um dos dois projectos em curso que estão a trabalhar para a conservação do lince-ibérico, a par do Iberconejo (até 2024), que está a promover a presa preferencial do lince-ibérico – o coelho-bravo; este projecto é liderado pela WWF-Espanha e tem a participação, por parte de Portugal, do ICNF, CIBIO, INIAV, FCUP e ANPC.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

A 19 de Maio de 2023 soube-se que existem 1.668 linces-ibéricos no mundo, segundo os dados do mais recente censo à espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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