A distância do refúgio influencia as estratégias do sapo-corredor quando este precisa de fugir de predadores, segundo um novo estudo científico de um investigador espanhol.
O sapo-corredor (Epidalea calamita) altera a sua estratégia de fuga aos predadores em função da distância a que está do seu refúgio, correndo mais depressa e de forma mais contínua apenas se a distância for curta, descobriu o investigador Francisco Javier Zamora-Camacho, do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN-CSIC).
Assim, este sapo consegue reduzir os custos da fuga e o risco de ser detectado pelo predador.
Na natureza, uma das estratégias mais frequentes para enganar os predadores é a fuga até à segurança de um refúgio.
No entanto, para a presa isto implica um gasto energético e um maior risco de ser detectada pelo predador.
“Neste estudo quis comprovar como a distância a que se encontra o refúgio afecta a estratégia de fuga das presas”, explicou, em comunicado divulgado hoje, Francisco Javier Zamora-Camacho, autor da investigação desenvolvida enquanto esteve no MNCN.
O investigador escolheu como modelo o sapo-corredor já que, como o seu nome indica, esta espécie não se desloca aos saltos mas sim através de rotas intermitentes.
Para a experiência foram usados 48 sapos – 21 fêmeas e 27 machos – mas todos foram devolvidos ao seu habitat natural depois de terminado o estudo. Sãos e salvos.
Estes 48 sapos foram levados para terrários onde foram construídos três percursos de distâncias diferentes (210, 140 e 70 centímetros) desde a linha de saída até aos refúgios. Em cada percurso foi simulada a presença de predadores e mediu-se a velocidade e o número de vezes que os indivíduos paravam durante a fuga.
A experiência permitiu concluir que os sapos que se sentiram ameaçados responderam primeiro com movimentos lentos e intermitentes e apenas mudaram para movimentos mais rápidos e contínuos quando a ameaça persistia.
Contudo, a estratégia de corrida de fuga não era sempre a mesma.
“Os resultados obtidos mostram que, a curtas distâncias, os sapos correm mais depressa, o que lhes permite chegar mais rápido ao refúgio. Ao contrário, nos percursos de média e de longa distância, os sapos apenas aceleraram depois de terem percorrido a primeira etapa e fizeram uma deslocação mais intermitente, parando com mais frequência. Isto ajuda os sapos a poupar energia e reduzir o risco de serem detectados”, explicou o investigador.
O estudo, publicado na revista científica Zoology, também concluiu que o efeito da distância dos refúgios sobre as estratégias de fuga foi maior no caso dos machos do que nas fêmeas.
Na opinião de Francisco Javier Zamora-Camacho, isto pode dever-se ao facto de os machos estarem mais expostos aos predadores durante actividades como a defesa do território ou o acasalamento. Nessas alturas, os sapos corredores machos “têm mais necessidade de desenvolver estratégias de fuga eficazes”.
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