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Museu de Londres troca Dippy por baleia-azul

30.01.2015

Há 35 anos que Dippy é a primeira coisa que vemos ao entrar no Museu de História Natural de Londres. Com os seus 26 metros de altura, esta réplica de dinossauro Diplodoco, que viveu há 150 milhões de anos, domina o hall Hintze, a porta de entrada para este mundo científico.

Diplodocus (à esquerda). Fotografia: Museu de História Natural de Londres
Diplodocus (à esquerda). Fotografia: Museu de História Natural de Londres

Mas nesta quarta-feira, o museu anunciou que, no Verão de 2017, vai trocar Dippy por um esqueleto de baleia-azul (Balaenoptera musculus) que, até agora, tem estado na galeria dos mamíferos.

“Uma vez que é o maior animal que já viveu na Terra, a história da baleia-azul lembra-nos da escala da nossa responsabilidade no planeta”, diz Michael Dixon, director do museu no bairro londrino de South Kensington. “Isso faz deste o melhor espécime possível para saudar e captar a imaginação dos nossos visitantes”, acrescenta, em comunicado.

A baleia-azul é uma fêmea com 25,2 metros de comprimento que chegou ao museu em 1891, dez anos depois da abertura do museu. Este animal, ferido por um navio baleeiro, acabou por morrer e dar à costa perto do porto de Wexford, Irlanda, a 25 de Março de 1891. O esqueleto foi comprado pelo museu por 250 libras (334 euros) e foi exposto, pela primeira vez, em 1938 na inauguração da galeria dos mamíferos. E é lá que continua hoje, suspenso do tecto.

A baleia-azul pode chegar às 160 toneladas; mesmo o maior dinossauro, Argentinasaurus, deverá ter chegado apenas às 70 toneladas. Mas o tamanho deste mamífero marinho não chegou para o proteger. A caça à baleia fez com que a população de 250.000 animais do final do século XIX caísse para 2300 no final dos anos 90 do século XX. Em 1972 as baleias ganharam um estatuto de protecção e a população recuperou para entre 10.000 e 25.000 actualmente.

Museu embarca em remodelação geral

Esta substituição marca o início de uma remodelação geral do museu, prevista demorar dez anos. A instituição quer “mudar a forma como desenvolve e partilha a sua investigação científica e como a sua colecção está organizada e exposta para que o envolvimento com o mundo natural faça parte do dia-a-dia de todos”.

“Esta é uma mudança importante e necessária”, opina Dixon. “Como guardiões de um dos maiores recursos científicos do mundo para compreender o mundo natural, o nosso objectivo é desafiar a forma como as pessoas pensam a natureza. E nunca como agora esse objectivo foi mais urgente.” O director do museu lembra a destruição de ecossistemas e a extinção de espécies mas sublinha que ainda há esperança. “Através das nossas escolhas podemos fazer a diferença.”

Enquanto prepara a transferência da baleia, o museu está a estudar uma maneira de Dippy continuar a ser admirado. Uma das hipóteses será uma digressão nacional, não antes sem passar por um minucioso trabalho de restauro, noticiou o jornal “The Guardian”.

Até porque o destino deste dinossauro está a causar debate intenso. Neste momento, mais de 20.000 pessoas já assinaram uma petição para que o museu reconsidere os seus planos.

O debate passa-se também na rede social Twitter, onde foram criadas duas hashtags: uma a favor de Dippy (#SaveDippy) e outra a favor da baleia-azul (#TeamWhale).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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