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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Múrcia vai receber dois linces-ibéricos adultos para consolidar população

25.10.2024

A região espanhola de Múrcia vai acolher um macho e uma fêmea de lince-ibérico (Lynx pardinus) para consolidar a população desta espécie nas Tierras Altas de Lorca, revelaram esta semana as autoridades de Múrcia.

Estes linces vieram dos centros de reprodução em cativeiro de El Acebuche (em Huelva) e de La Olivilla (em Jaén) e fazem parte do grupo de linces que estão a ser reintroduzidos na natureza, no âmbito do projecto LIFE LynxConnect.

O anúncio da chegada destes dois linces adultos foi feito esta semana por Juan María Vázquez, conselheiro para o Ambiente da região de Múrcia, durante uma vista ao Centro de Reprodução em Cativeiro La Olivilla.

Vázquez sublinhou que, com esta iniciativa, “a região de Múrcia continua a acolher e a proteger uma espécie que está connosco há mais de um milhão de anos”.

O responsável explicou também que os dois linces “serão integrados no meio natural mediante uma libertação controlada na zona de reintrodução de Tierras Altas de Lorca, com o objectivo de reforçar a região com um verdadeiro ‘Território de Lince’, cada vez mais consolidado”.

“Cada animal vai ter uma monitorização constante por parte da Consejería para ver como se está a adaptar a uma vida em liberdade, por ter vivido sempre em centros de reprodução em cativeiro, em contacto com humanos”, acrescentou.

Deste tipo de libertações experimentais, de linces adultos, apenas há duas referências anteriores com soltas de exemplares individuais no Parque Nacional espanhol de Doñana e na zona de reintrodução da Extremadura. Todos os outros têm sido linces jovens, com cerca de um ano de idade.

Durante a quarta fase do projecto LynxConnect foram libertados este ano em Múrcia 10 linces e abriram-se corredores de ligação com algumas das oito zonas de reintrodução existentes em Espanha.

Para o quinto ano deste LIFE, Vázquez adiantou que “a coordenação dos 22 membros do projecto será aprofundada”, nomeadamente administrações públicas, ONG, representantes do sector cinegético, fundações, empresas privadas, instituições científicas e universidades. Ao mesmo tempo decorre o trabalho da incorporação de novos territórios.

O regresso do lince à Península Ibérica é, segundo Vázquez, um “caso de sucesso sem precedentes na preservação da biodiversidade”.

Segundo o mais recente censo à espécie, existem hoje mais de 2.000 linces na Península Ibérica, o que permitiu à União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) baixar a categoria de ameaça de Em Perigo para Vulnerável. Em Portugal estavam registados 291 linces-ibéricos, distribuídos pelos concelhos de Serpa, Mértola, Castro Verde, Alcoutim e Almodôvar. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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