Teresa Ribera, que tem a tutela do Ambiente, falava sobre um novo acordo de 1,4 mil milhões de euros para salvar esta importante zona húmida europeia, no sul de Espanha.
Em declarações ao jornal The Guardian, Teresa Ribera sublinhou que “é muito importante que aprendamos a combinar medidas estritamente ambientais com medidas para reduzir as pressões económicas e sociais na área, no que respeita a infraestruturas verdes e à recuperação de espaços naturais”.
A ministra afirmou também que é necessário que os habitantes dessas áreas, como Doñana, “sintam que há alternativas onde vivem das quais se orgulham e que não vejam essas alternativas como uma limitação ou uma ameaça.”
Em Novembro, foi alcançado um importante acordo que vai procurar diminuir a pressão que o Parque Nacional de Doñana, que se estende ao longo de quase 130.000 hectares, tem vindo a sentir nos últimos anos, com um declínio drástico dos níveis de água disponíveis e diversas ameaças à vida selvagem. Um dos principais problemas, que se junta às alterações climáticas, é o desvio ilegal de água dos aquíferos desta área protegida para ser utilizada nas explorações agrícolas de morangos e de outros frutos vermelhos localizadas ali perto.
“Há mais futuro que os morangos e as framboesas”, frisou Teresa Ribero, acrescentando que “de qualquer forma, se não tomarmos conta da água, não haverá mais morangos ou framboesas”. “Acredito que esta mudança de mentalidades necessita de uma compreensão muito clara.”
Nos últimos dois Verões, aquele que já foi o maior lago permanente de Doñana secou completamente, agudizando os receios quanto ao futuro desta importante zona húmida, que entretanto foi retirada também da Lista Verde da União Internacional para a Conservação da Natureza, por não cumprir todos os critérios necessários.
O novo acordo prevê que o governo espanhol e a região da Andaluzia dêem ajudas de até 100.000 euros por hectare aos agricultores dos 14 municípios da área protegida, para que deixam de cultivar as suas terras e as renaturalizem ou reflorestem os solos. Também estão previstas outras medidas, incluindo novas superfícies para culturas de sequeiro e ajudas para a reconversão para produções mais amigas do ambiente.
“Se não gerirmos adequadamente esta mudança na psicologia colectiva e nos valores sociais, acabaremos com ‘coletes amarelos’ e como os agricultores nos Países Baixos, a oporem-se às normas de protecção do solo”, alertou também a ministra, em declarações ao mesmo jornal. “Terminaremos com situações complicadas porque as pessoas não sabem o que tudo isto significará para as suas vidas a muito curto prazo.”
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