As redes de pesca abandonadas ou perdidas nos oceanos são uma verdadeira armadilha mortal para a vida marinha, denuncia um novo relatório da organização Greenpeace.
Todos os anos, mais de 640.000 toneladas de redes, linhas e armadilhas usadas na pesca comercial são despejadas e descartadas nos oceanos, segundo o relatório “Redes fantasmas: o abandono de redes de pesca que perseguem os nossos oceanos”, divulgado hoje pela Greenpeace. Equivalem ao peso de 50.000 autocarros de dois andares.
Estas redes representam 10% dos plásticos nos oceanos. Mas este tipo de lixo representa a maioria dos grandes plásticos a poluir os mares.
Os impactos são evidentes. Por exemplo, no ano passado, cerca de 300 tartarugas marinhas foram encontradas mortas por terem ficado presas em equipamento de pesca à deriva nas águas do mar ao largo da costa de Oaxaca, no México.
“O equipamento de pesca abandonado é a maior fonte da poluição marinha por plásticos e afecta a vida marinha em todo o planeta”, disse Louisa Casson, da Greenpeace no Reino Unido, ao jornal The Guardian.
Segundo o relatório, “as redes e linhas de pesca são uma ameaça à vida selvagem durante anos ou décadas, afectando tudo, desde pequenos peixes e crustáceos a tartarugas de espécies ameaçadas, aves marinhas e até mesmo baleias”.
Este equipamento é espalhado pelo oceano pelas correntes e marés. “Hoje, redes e linhas de pesca estão à deriva nas zonas costeiras do Árctico, estão a dar à costa em ilhas remotas do Pacífico, prendem-se nos recifes de coral e acumulam-se no fundo do oceano”.
O relatório lembra como muitas destas redes são encontradas em lugares tão remotos como o monte submarino Vema. “Ainda que ali a pesca esteja condicionada, continuam a encontrar-se estas redes fantasma, fruto da pressão pesqueira de há vários anos atrás. É bastante macabro ver o legado da pesca destrutiva num lugar como este.”
A Greenpeace acrescenta que as redes e linhas de pesca fantasma têm origem, na sua maioria, nas pescas ilegais e que ficam fora dos controlos oficiais.
A organização apela à ONU para avançar com uma estrutura de trabalho dedicada à protecção marinha, um Tratado Global dos Oceanos, que abra caminho para uma rede mundial de santuários marinhos que cubra 30% dos oceanos do planeta em 2030. Nessas áreas seriam proibidas as actividades humanas mais perigosas, entre elas a pesca industrial.
“Os Governos de todo o mundo devem agir para proteger os oceanos e responsabilizar a indústria pesqueira por este lixo perigoso”, defendeu Louisa Casson.