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Foto: Joana Bourgard

Luzes brancas e azuis são as piores para a vida selvagem

12.06.2018

Um estudo de uma equipa internacional de cientistas concluiu que as luzes artificiais brancas e azuis são as que mais afectam a vida selvagem, enquanto que as amarelas, verdes e âmbar são as mais benignas.

 

Os resultados, publicados esta terça-feira na revista Journal of Experimental Zoology Part A: Ecological and Integrative Physiology, incluem uma base de dados pública que ajuda a escolher iluminações mais compatíveis com os animais selvagens.

“Os sistemas de iluminação que nos rodeiam, ao ar livre, mudam rapidamente e de formas que podem afectar a vida das espécies selvagens”, afirma Airam Rodríguez, co-autor do estudo, citado em comunicado. “Os responsáveis por estas mudanças (normalmente as autarquias) não têm informação para decidir que sistema de iluminação aplicar. O nosso trabalho veio preencher este vazio de informação”, diz também este investigador do Conselho Superior de Investigações Científicas, em Espanha.

O novo estudo debruçou-se sobre espécies de todo o mundo, tal como a forma como reagem a diferentes sistemas de iluminação, incluindo os LED. Insectos, tartarugas marinhas, salmões e aves marinhas foram os animais mais estudados. Conclusão? Os dois primeiros grupos são especialmente sensíveis à iluminação artificial.

 

Bobo-de-cauda-curta (Ardenna tenuirostris), pousado em terra devido às luzes artificiais. Foto: Airam Rodríguez

 

Desde há muitos anos que os cientistas estudam como é que o brilho e a direcção das luzes afectam a vida selvagem, incluindo os movimentos migratórios e as relações entre predadores e presas. A equipa avaliou as conclusões já existentes e avançou com novos estudos, relativos a várias luzes LED que estão à venda no mercado. Prevê-se que estas luzes vão representar 69% do mercado global em 2020.

“[Os cientistas] descobriram que as luzes nocturnas de cores branca e azul intensas são as piores – algumas espécies são tão afectadas como pelo brilho do sol do meio-dia -, três vezes mais do que as luzes verdes e amarelas, estas últimas com comprimentos de onda que afectam menos a vida selvagem.”

O novo estudo é importante para a conservação, sublinha o autor principal, Travis Longcore, da University of Southern California. As crias de tartarugas-marinhas-comuns (Caretta caretta), exemplifica, deixam os ninhos nas praias e dirigem-se para terra, em direcção às luzes, em vez de irem para o mar, onde ficariam mais a salvo dos predadores. As luzes nocturnas também atraem os salmões juvenis, que ficam mais expostos ao perigo, e têm sido apontadas como uma das causas para o declínio dos insectos.

O investigador chama ainda a atenção para a nova base de dados agora criada, que inclui dados sobre a forma como mais de 20 tipos de luzes artificiais diferentes afectam os animais.

“Se não dermos conselhos e informação aos decisores, eles vão escolher a iluminação mais barata ou iluminação que serve apenas um interesse e não tem em conta o equilíbrio com outros interesses”, conclui Longcore.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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