Adaptou-se a sobreviver em grandes altitudes com pouco oxigénio, onde outros lobos não conseguem habitar, e por isso poderá ser reconhecido como uma subespécie dentro do grupo dos lobos-cinzentos.
É esse o objectivo de uma equipa internacional de cientistas, que defendem que o lobo dos Himalaias possui uma adaptação genética que lhe permite viver em locais com metade do oxigénio do que é habitual em altitudes mais próximas do mar.
As conclusões do estudo foram publicadas esta quarta-feira no Journal of Biogeography, num artigo assinado por investigadores do Reino Unido, China, Nepal e outros países.
Em causa estão lobos que ocorrem nos Himalaias do Nepal e do Tibete e ainda nas cadeias montanhosas da Ásia Central, acima dos 4.000 metros. Em altitudes mais baixas misturam-se com o lobo-cinzento (Canis lupus), mas mais acima este último não consegue manter-se, devido à dureza das condições.
Os cientistas pretendem que esta possível subespécie seja reconhecida com um nome científico próprio, para que passe a ser considerada na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza. Isso permitiria estudar com mais detalhe a situação actual desses lobos, no que respeita ao risco de extinção, e definir medidas abrangentes para a sua conservação.
Mas para isso, segundo a coordenadora do novo estudo, Geraldine Werhahn, da Universidade de Oxford, a equipa terá de obter provas genéticas adicionais. “Tudo aponta para que [o lobo dos Himalaias] seja elegível como espécie por direito próprio, mas antes temos de obter amostras genéticas de elevada qualidade, o que é a parte difícil”, disse ao The Guardian.
Estes lobos formam alcateias com cinco membros em média, menores do que no caso do lobo-cinzento. Os cientistas analisaram as fezes destes animais e descobriram que caçam marmotas (Marmota himalayana) no Verão e lebres-peludas (Lepus oiostolus) e carneiros-azuis (Pseudois nayaur) no Inverno, espécies típicas da região.
Mas por vezes também atacam o gado, muito mais presente nestas montanhas do que espécies selvagens, o que surge como um motivo de conflito com habitantes locais, indicou uma notícia da Universidade de Oxford.
O lobo dos Himalaias não é um caso único. Na Península Ibérica, incluindo Portugal, a União Internacional para a Conservação da Natureza admite que possa haver uma subespécie do lobo-cinzento, o lobo-ibérico (Canis lupus signatus). O reconhecimento desta subespécie foi proposto pela primeira vez em 1907, pelo naturalista espanhol Ángel Cabrera.
De acordo com o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005), o lobo-ibérico está Em Perigo de extinção. Até 2021, uma equipa de investigadores está a realizar um censo nacional da espécie, que está hoje estimada em cerca de 2.000 lobos em território nacional.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Conheça o Himalayan Wolves Project, que trabalha na investigação científica e na conservação do lobo dos Himalaias.