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Linces Sidra e Salao encerram época de reintrodução de 2022 em Portugal

04.05.2022
Solta de Nara no Vale do Guadiana, em Maio de 2017. Foto: Helena Geraldes

Terminou a 3 de Maio um dos momentos altos do ano para a conservação do lince-ibérico, as reintroduções de animais nascidos em cativeiro para reforçar populações selvagens. Sidra e Salao vieram de Espanha para dar novo fôlego ao núcleo do Algarve.

Todos os anos desde 2014 são reintroduzidos em Portugal linces-ibéricos na natureza para recuperar esta espécie Em Perigo de extinção.

Solta de lince-ibérico no Vale do Guadiana, em Fevereiro de 2019. Foto: ICNF

Os cinco linces previstos para libertar em 2022 já vivem hoje selvagens em áreas escolhidas criteriosamente para esse efeito no Baixo Alentejo e Algarve.

Os últimos dois linces deste ano, Sidra e Salao, foram reintroduzidos na passada tarde de 3 de Maio em Alcoutim, “numa das áreas de expansão natural da população constituída na área de reintrodução de lince-ibérico do Vale do Guadiana”, informou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Sidra, jovem fêmea, e Salao, jovem macho, têm 13 meses de idade e nasceram no Centro de Reprodução do Lince-Ibérico de Zarza de Granadilla, em Cáceres, Espanha. A acompanhar a sua libertação estiveram o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, e o secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.

O ministro do Ambiente salientou a importância de “continuar a apostar na conservação da natureza” e neste “programa de muito sucesso” em particular, citou o jornal PÚBLICO.

A temporada de reintroduções de 2022 começou a 22 de Fevereiro com a libertação do macho Silves, em Serpa, e continuou com a libertação do macho Sismo e da fêmea Senegal, a 24 de Fevereiro, em Alcoutim.

Uma das novidades deste ano foi a reintrodução de linces, pela primeira vez, no Algarve: Sismo, Senegal, Sidra e Salao.

Segundo o ICNF já existem cerca de 20 linces nesta região do Sul do país. São, sobretudo, animais que para ali se deslocaram autonomamente, vindos de uma população reconstituída no Vale do Guadiana, mais concretamente nos concelhos de Mértola e Serpa. Nove linces nasceram no Algarve em 2021.

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Hoje a população de linces em Portugal está estimada em cerca de 200 animais, distribuída por um território que se estende entre os concelhos de Serpa e de Tavira. Em 2016 nasceu o primeiro lince-ibérico confirmado na natureza em Portugal, revelou a 5 de Maio desse ano o ICNF.

Em todo o mundo, ou seja, em Portugal e Espanha, existiam no ano passado um total de 1.111 linces-ibéricos, de acordo com o mais recente censo dirigido à espécie.

Todas as áreas de lince em Portugal estão agora a ser consolidadas, ampliadas e interligadas no âmbito do projeto LIFE Lynxconnect, liderado pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, iniciado em setembro de 2020 e que, em Portugal, congrega como parceiros, para além do ICNF, a CIMBAL e a Infraestruturas de Portugal, IP.

“A reintrodução é um processo a médio longo prazo que tem como objetivo estabelecer uma população viável e que mantenha um fluxo genético regular com outras populações de lince, restabelecendo a situação favorável à espécie.”

Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

A pouco e pouco, o lince-ibérico (Lynx pardinus) está, assim, a regressar aos seus territórios históricos em Portugal e Espanha. O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.


Saiba como se liberta um lince na natureza. Na temporada de 2017, a equipa de jornalistas da Wilder acompanhou a reintrodução de Nara, no Vale do Guadiana.

Acompanhe na Wilder a actualidade sobre o lince-ibérico e a sua conservação.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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