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Libertado urso-pardo nos Pirinéus

09.06.2016

Chama-se Goiat, tem 10 anos e pesa 205 quilos. Este urso-pardo chegou nesta segunda-feira aos Pirinéus vindo da Eslovénia, para quebrar o domínio reprodutor do macho Pyros e acabar com os riscos de consanguinidade, revelaram os técnicos que trabalham para consolidar a espécie na região.

 

O urso-pardo (Ursus arctos) foi libertado na segunda-feira, dia 6 de Junho, às 21h00 locais no Parque Natural dos Altos Pirinéus (na província de Lleida), depois de ter feito a viagem desde a Reserva de Caça de Jelen, na Eslovénia.

Ferran Miralles, director-geral das Políticas Ambientais da Catalunha, explicou em comunicado que o objectivo é “quebrar o domínio genético de Pyros nos Pirinéus”.

 

Momento da recolha de análises, antes da libertação
Momento da recolha de análises, antes da libertação

 

A razão de ser desta transferência é a necessidade de um novo macho reprodutor na população pirenaica da espécie e aumentar a variabilidade genética. Pyros, também de origem eslovena, veio da reserva de Medved, a 100 quilómetros de Jelen, e chegou aos Pirinéus em 1997. “Ele é o pai, avô e bisavô de quase todos os ursos desta zona, algo que tem consequências no sucesso reprodutivo e na mortalidade dos indivíduos”, explica um comunicado da Generalitat de Catalunya.

“A viagem fez-se numa carrinha e durou 18 horas. Correu tudo bem, mas não foi fácil capturar o animal”, explicou Miralles. “Queríamos um macho jovem e potente, com 10 anos e mais de 200 quilos. Por fim, encontrámo-lo.”

A equipa saiu de Jelen, na Eslovénia na madrugada de segunda-feira e chegou aos Pirinéus na Catalunha às 20h30. A viagem de Goiat foi acompanhada a todo o momento por uma equipa técnica que colocou um dispositivo de seguimento no animal antes da sua libertação e tirou análises de sangue e pelo.

A iniciativa faz parte do projecto LIFE Piros (2014 – 2018).

 

 

Actualmente, estima-se que vivam nos Pirinéus entre 30 a 35 ursos, dos quais sete são machos adultos e dois são fêmeas adultas, em idade reprodutora. Mas nos anos 90 do século passado a espécie esteve à beira de desaparecer. Espanha e França começaram a trabalhar para contrariar a tendência em meados dessa década e em 1996 chegaram duas fêmeas, Ziva e Melba, e em 1997 o macho Pyros, todos da Eslovénia. Pyros terá hoje 27 anos e 28 filhos conhecidos.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo (Ursus arctos) mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos. É entre Novembro e Dezembro que os ursos começam a hibernar, período que termina entre Fevereiro e Abril.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie em perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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