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Quebra-ossos. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Libertada a primeira cria de quebra-ossos do ano na Andaluzia

25.05.2017

Este ano, as reintroduções de quebra-ossos na Andaluzia começaram hoje com a libertação de uma cria nascida em cativeiro, revelou a Junta andaluza. Esta é a espécie de abutre mais ameaçada da Europa.

 

A libertação da ave aconteceu em Bedmar e foi testemunhada por 300 alunos dos centros educativos de Bedmar e Jimena. Tratou-se do macho Bedmar, nascido em cativeiro no Centro de Reprodução de Guadalentín, em Cazorla (em Jaén). Nesta temporada de reprodução, o centro conseguiu sete crias saudáveis, nascidas entre Janeiro e Março.

O sistema escolhido pela Junta da Andaluzia para a solta é chamado hacking, uma técnica para conseguir que a ave libertada assimile a área de libertação como o seu lugar de nascimento e, por isso, a ela regresse para se fixar e reproduzir. Bedmar leva um dispositivo com emissores GPS para permitir aos técnicos conhecer os seus movimentos, quando começar a voar.

Com esta, são já 45 as crias reintroduzidas desde 2006 para tentar recuperar a espécie naquela região, no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos. A última ave desapareceu da Andaluzia em 1986. Em 1991 foi concluído um projecto de investigação que estudou a viabilidade de reintroduzir esta espécie no Parque Natural das Serras de Cazorla, Segura e Las Villas, o último lugar conhecido onde nidificou esta ave de rapina, em 1983.

Todos os 45 exemplares libertados nasceram em cativeiro, no âmbito do Programa Europeu de Espécies Ameaçadas (EEP, sigla em inglês), do qual o Centro de Guadalentín faz parte. Este centro é gerido pela Fundação Gypaetus e foi criado em Dezembro de 1996. O seu grande objectivo é “reproduzir esta espécie em cativeiro e formar um stock genético que garanta a sobrevivência das populações europeias desta rapina e o êxito do programa andaluz de reintrodução”, explica a Junta da Andaluzia.

O quebra-ossos (Gypaetus barbatus) é o abutre mais ameaçado da Europa. Houve tempos em que era comum em Portugal, mas acabou por desaparecer. Assim como na Andaluzia, devido a envenenamentos e perseguição humana.

Em toda a Europa existem hoje pouco mais de 200 casais, 130 dos quais em Espanha. Actualmente estima-se que vivam em liberdade na Andaluzia 15 quebra-ossos, fruto das libertações no âmbito do Programa de Reintrodução do Quebra-ossos. Um deles, a fêmea Bujaraiza, esteve em Portugal em Maio de 2015.  Em Abril de 2015, as autoridades confirmaram o nascimento da primeira cria em liberdade na Andaluzia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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