O fotógrafo subaquático francês Laurent Ballesta venceu, pela segunda vez, o grande prémio no Wildlife Photographer of the Year, com “The golden horseshoe”, uma imagem de um caranguejo-ferradura-tri-espinha (Tachypleus tridentatus) acompanhado por três peixes-rei-dourados (Gnathanodon speciosus).
Este ano estiveram a concurso 49.957 fotografias vindas de fotógrafos de 95 países. Os vencedores nas várias categorias e o grande vencedor foram revelados a 10 de Outubro à noite, numa cerimónia em South Kensington, Londres.
As fotografias vencedoras estarão expostas a partir de 13 de Outubro no Museu de História Natural de Londres.
O Wildlife Photographer of the Year 2023 foi entregue ao francês Laurent Ballesta pela sua fotografia “The golden horseshoe”. Os caranguejos-ferradura-tri-espinha sobreviveram durante mais de 300 milhões de anos mas hoje enfrentam as ameaças da destruição do seu habitat e da sobre-pesca. Esta espécie é capturada para fins alimentares e por causa do seu sangue azul, usado no desenvolvimento de vacinas.
Mas, nas águas protegidas da ilha Pangatalan, nas Filipinas, há esperança na sua sobrevivência.
“Ver um caranguejo-ferradura tão vibrantemente vivo no seu habitat natural, de uma forma tão bonita, foi espantoso”, comentou Kathy Moran, presidente do júri destes prémios. “Estamos a olhar para uma espécie antiga, muito ameaçada, e também crucial para a saúde humana. Esta fotografia é luminescente.”
Laurent é apenas o segundo fotógrafo nos 59 anos de história da competição a vencer duas vezes o primeiro prémio. A outra vez que foi distinguido foi em 2021 com a sua fotografia “Creation”, uma imagem de peixes da espécie Epinephelus polyphekadion – que vivem em recifes de corais e que estão classificados como Vulneráveis pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) – saindo de uma nuvem de ovos e esperma na região de Fakarava, na Polinésia Francesa.
Young Wildlife Photographer of the Year atribuído a israelita de 17 anos
Carmel Bechler, 17 anos, de Israel, venceu o Young Wildlife Photographer of the Year 2023 com a sua fotografia “Owls’ road house”, uma estrutura abandonada à beira de uma estrada com duas corujas-das-torres (Tyto alba) à janela. Usando o carro de família como abrigo fotográfico, Carmel aproveitou ao máximo a luz natural e tempos de exposição longos para captar as luzes dos carros que passavam.
Carmel tinha apenas 11 anos quando começou a fotografar a natureza e este é o seu primeiro prémio nesta competição anual. “Espero partilhar, com a minha fotografia, que a beleza do nosso mundo natural está por todo o lado, mesmo em sítios onde menos esperamos que esteja; apenas precisamos abrir os nossos olhos e a nossa mente”, disse Carmel, em comunicado.
“Esta fotografia tem tantas camadas em termos de conteúdo e de composição”, comentou Kathy Moran. “Grita simultaneamente ‘destruição de habitat’ e ‘adaptação’, impondo a pergunta: se a vida selvagem consegue adaptar-se ao nosso ambiente, por que não conseguimos respeitar o seu?”
Catalizadores da mudança
Os dois grandes vencedores foram escolhidos de entre 19 vencedores das várias categorias, que mostram a riqueza da diversidade da vida na Terra. “Num processo intensivo, cada fotografia foi avaliada de forma anónima por um painel internacional de especialistas pela sua originalidade, narrativa, excelência técnica e prática ética”, explicou o Museu de História Natural londrino.
“Ao mesmo tempo que inspiram para a beleza, as imagens vencedoras deste ano também apresentam provas convincentes do nosso impacto na natureza, tanto positivo como negativo”, disse Doug Gurr, director do Museu. “As promessas mundiais têm de se transformar em acções para mudar o rumo do declínio da natureza.”
Os prémios Wildlife Photographer of the Year começaram em 1965, numa iniciativa da revista BBC Wildlife Magazine, que na altura se chamava Animals. Nesse ano 500 fotografias foram a concurso. Desde então, o evento cresceu e, em 1984, o Museu de História Natural de Londres passou a estar envolvido no projecto. O grande objectivo é inspirar as pessoas para apreciarem e conservarem o mundo natural.
Aqui estão os vencedores nas restantes categorias:
Animals in their Environment: Amit Eshel (Israel)
Animal Portraits: Vishnu Gopal (Índia)
Behaviour, Birds: Hadrien Lalague (França)
Behaviour, Mammals: Bertie Gregory (Reino Unido)
Behaviour, Amphibians and Reptiles: Juan Jesús Gonzalez (Espanha)
Behaviour, Invertebrates: Sriram Murali (Índia)
Natural Artistry: Rachel Bigsby (Reino Unido)
Oceans, the bigger picture: Lennart Verheuvel (Países Baixos)
Plants and fungi: Agorastos Papatsanis (Grécia)
Underwater: Mike Korostelev (Rússia)
Urban wildlife: Knut-Sverre Horn (Noruega)
Wetlands, The bigger picture: Joan de la Malla (Espanha)
Photojournalism: Fernando Constantino Martínez Belmar (México)
Photojournalism Story Award: Karine Aigner (Estados Unidos)
Rising Star Portfolio Award: Luca Melcarne (França)