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Ribeira. Foto: Helena Geraldes (arquivo)

Lançado livro para quem quer saber (quase) tudo sobre a nossa fauna exótica invasora

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Mexilhões, vespas, escaravelhos, mosquitos, peixes, lagostins, tartarugas e amêijoas são embaixadores das 216 espécies exóticas invasoras de Portugal. Dois investigadores lançam um livro que nos prepara para esta travar esta ameaça à nossa biodiversidade.

Paulo Talhadas dos Santos e Maria Leonor Fidalgo, ambos professores na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, escreveram o livro “Fauna exótica invasora em Portugal Continental, Açores e Madeira” porque não havia “uma publicação com informação actualizada e sistematizada sobre a fauna exótica invasora em Portugal”, explicaram os autores à Wilder.

O livro – que levou cinco anos a ficar pronto, desde as primeiras ideias – estará disponível nas livrarias online (e.g. FNAC, Wook) na primeira semana de Dezembro. Já nas livrarias físicas, a editora, a Afrontamento, prevê fazer a distribuição comercial a partir da segunda semana de Janeiro de 2021.

Nele estão listadas 216 espécies com presença registada no nosso país, organizadas por grupos zoológicos. Todas constam em tabelas que mostram, por exemplo, a sua distribuição em Portugal.

Hoje, estima-se que existam 181 espécies de fauna exótica invasora no Continente, 99 nos Açores e 86 na Madeira.

Das 216 espécies, 91 só ocorrem no Continente, 16 só ocorrem nos Açores e oito só na Madeira.

Os autores listam 216 espécies mas aprofundam o seu olhar em relação a 34 (18 invertebrados e 16 vertebrados).

De todas, há algumas que causam maior preocupação a Paulo Talhadas dos Santos e a Maria Leonor Fidalgo. Os autores contaram à Wilder que estão mais preocupados com a vespa-asiática, o lagostim-vermelho-da-luisiana e tartaruga-da-flórida.

Mas “além destas, devemos referir o nemátodo-de-madeira-de-pinheiro, o mosquito-do-dengue, o mosquito-tigre, o escaravelho-da-palmeira, a mosca-da-fruta-mediterrânica, as térmitas (em especial nos Açores), a amêijoa-asiática, a perca-sol, o peixe-gato-europeu, o mexilhão-zebra e as ratazanas (especialmente nos arquipélagos da Madeira e dos Açores)”.

“Também nos preocupam outras espécies invasoras já presentes em Espanha e que previsivelmente chegarão ao nosso país como, por exemplo, o coipu”, um roedor da América do Sul.

Face à ameaça que estas espécies colocam à biodiversidade autóctone, os autores quiseram dar-nos ferramentas para compreender melhor, e para lidar, com ela. Assim, no livro explicam a introdução artificial de espécies em novos territórios, as suas motivações e mecanismos, os impactes ecológicos, económicos e sanitários das espécies invasoras e a necessidade de medidas de prevenção, contenção, mitigação, controlo e adaptação a esta nova realidade.

“Pensamos que o livro pode contribuir para um acréscimo no empenho de cidadãos, autoridades e governos, que se traduza em resultados positivos na prevenção e na gestão das espécies de animais com elevado potencial invasor”, salientaram os autores.

E eles próprios aprenderam muito neste caminho de cinco anos, graças ao trabalho de compilação de informação disponível em várias bases de dados e publicações científicas. “O livro também foi uma descoberta pessoal sobre as erradicações e respectivas metodologias em todo o mundo, o valor monetário dos prejuízos causados e das perdas de vendas, as consequências sociais e os projectos de investigação desenvolvidos”, por exemplo.

Segundo Paulo Talhadas dos Santos e Maria Leonor Fidalgo, este livro foi feito a pensar nos “decisores, técnicos da administração central e autárquica, mas também nas empresas e no público em geral”.

Isto porque na obra há informação sobre a prevenção, a educação do cidadão e a fiscalização de actividades económicas, assim como sobre as metodologias mais inovadoras usadas mundialmente para mitigar os efeitos negativos dessas espécies.

E “os professores terão neste livro um suporte para exploração do tema”, lembram os autores.


“Fauna exótica invasora em Portugal Continental, Açores e Madeira”

Por Paulo Talhadas dos Santos e Maria Leonor Fidalgo

Editora: Edições Afrontamento 

Preço de capa: 18,00 €


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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