O Japão anunciou que vai abandonar a Comissão Baleeira Internacional (CBI), organização que proíbe a caça comercial à baleia desde 1986.
Todos os anos, o Japão caça centenas de baleias em nome da “investigação científica”, uma excepção prevista na moratória da CBI à caça comercial, em vigor desde 1986.
Mas os ambientalistas consideram esta prática uma caça comercial disfarçada.
As autoridades nipónicas justificavam a necessidade de caçar baleias para fazer investigação científica mas não negavam o seu desejo de conseguir que a CBI, um dia, viesse a autorizar a caça comercial.
Como isso não aconteceu, o Japão anunciou ontem que vai abandonar a Comissão, da qual fez parte durante mais de 30 anos.
O porta-voz do Governo nipónico, Yoshihide Suga, fez o anúncio ontem em conferência de imprensa, salientando que durante três décadas o país tentou promover a caça sustentável à baleia mas que não conseguiu encontrar consensos com os países que se opõem à caça.
Suga explicou que a reunião anual da CBI de Setembro tornou claro que era impossível uma coexistência de países contra e a favor da caça à baleia naquela Comissão, noticiou a estação de televisão japonesa NHK.
O responsável revelou que o Japão vai retomar a caça comercial à baleia, a partir de Julho, mas apenas nas suas águas territoriais e na Zona Económica Exclusiva, deixando de caçar no oceano Antártico e em outras zonas do Hemisfério do Sul.
A quota anual de baleias a caçar será determinada com base no mesmo método da CBI, acrescentou o responsável.
Nos últimos 20 anos, o Japão tem proposto aos Estados membros da CBI a retoma da caça comercial à baleia, alegando que as populações destes cetáceos têm vindo a recuperar. Mas a proposta tem sido bloqueada.
Segundo a NHK, a saída do Japão da CBI terá efeitos a partir de 30 de Junho de 2019, uma vez que já notificou o Governo norte-americano, país responsável por aceitar as candidaturas para acesso ou saída da CBI.
A organização ecologista Greenpeace reagiu ao anúncio do Governo japonês condenando a saída da CBI. “A declaração não está em linha com a comunidade internacional e muito menos com a necessidade de preservarmos o futuro dos nossos oceanos e destas criaturas fantásticas”, comentou, em comunicado, Sam Annesley, director da Greenpeace Japão. “O Governo do Japão deve agir, urgentemente, para conservar os ecossistemas marinhos, em vez de retomar a caça comercial à baleia”, acrescentou.
Annesley receia que, com as modernas tecnologias, a frota baleeira nipónica leve ao esgotamento de muitas espécies de baleias. “A maioria das populações de baleias ainda não recuperaram, incluindo as maiores baleias como a baleia-azul, a baleia-comum e a baleia-boreal.”
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