Este ano são seis os casais de lince-ibérico, espécie Em Perigo de extinção, estabelecidos no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI). As crias irão reforçar as populações selvagens na Península Ibérica.
A temporada de reprodução no CNRLI começou no passado sábado, 7 de Janeiro, com o casal composto pela fêmea Era e pelo macho Juncabalejo. Estes são os primeiros animais a entrar em cio, segundo uma nota do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Este ano, o CNRLI tem seis casais para reprodução, definidos por serem as geneticamente mais adequadas.
De uma forma geral, este é o único momento do ano em que dois exemplares adultos aceitam partilhar instalações (ou não).
A fêmea Era, já com 15 anos, é uma das fundadoras do CRNLI. O macho Juncabalejo chegou ao CNRLI, em Silves, na temporada reprodutora de 2020/2021, vindo do Centro de Reprodução de Zarza de Granadilla (em Cáceres, comunidade autónoma da Extremadura espanhola).
A 5 de Janeiro começou a temporada reprodutora no Centro de reprodução de EL Acebuche, em Doñana, Andaluzia (Espanha), onde foram definidos sete casais. “O início do Inverno activa o sistema reprodutor desta espécie e, em El Acebuche, o casal formado pela fêmea Madroña e pelo macho Retinto, começaram as cópulas que marcam o início de uma nova temporada reprodutora”, segundo o Programa Lynx Ex-situ.
O CNRLI – instalado em Vale Fuzeiros, São Bartolomeu de Messines, Silves – está no centro de um dos maiores esforços de conservação da Europa.
A pouco e pouco, o lince-ibérico está a regressar aos seus territórios históricos em Portugal e Espanha. Este felino de barbas e de orelhas com pontas em forma de pincel foi, até 2015 uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Em Portugal, chegou a viver numa situação de “pré-extinção”.
Segundo o censo mais recente, a população de lince-ibérico (Lynx pardinus) está estimada em 1.365 animais. Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.
Dos 13 núcleos populacionais registados na Península Ibérica em 2021, 12 estão em Espanha, com 1.156 animais.
Portugal, com um núcleo populacional, no Vale do Guadiana, terá 209 linces: 139 adultos e subadultos (dos quais 31 são fêmeas reprodutoras/territoriais) e 70 crias. Portugal tem assim 15,3% da população ibérica de lince-ibérico.
A época dos nascimentos no CNRLI, na Primavera, é o culminar de um ano de trabalho para a equipa que garante o funcionamento do centro e para os voluntários. O grande objectivo é conseguir crias saudáveis, treiná-las para a liberdade e, meses depois, soltá-las na natureza, para que novas populações de linces voltem aos territórios de onde se extinguiram há décadas.
O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.