O declínio dos insectos é uma crise iminente que espelha a perda mundial da biodiversidade. Mas faltam acções efectivas para a conservação destes animais. Um novo artigo científico propõe formas para incluir os cidadãos neste desafio.
Os conservacionistas identificaram uma necessidade urgente de sensibilizar um público mais vasto para agir e mitigar o declínio dos insectos.
No entanto, salientam no artigo publicado na revista Biological Conservation, “a educação tradicional que se foca em transmitir conhecimentos e sensibilizar é muitas vezes pouco eficaz e quase nunca leva a mudanças de comportamentos na área da conservação”.
“Por isso, precisamos de uma transformação na educação para ajudar de forma eficaz as pessoas a tomar acções”.
Neste artigo, a equipa onde se inclui o investigador Dave Goulson, da Universidade britânica de Sussex, desenvolveu um método chamado “Competências para a Acção para a Conservação dos Insectos (Action Competente for Insect Conservation, ACIC)”. Esta é uma ferramenta educacional focada na melhoria das competências dos cidadãos para tomar acções de conservação da biodiversidade dos insectos.
Este método vai mais além do conhecimento teórico; pretende incentivar o conhecimento orientado para a acção (que é intencional e pretende resolver um problema), a confiança nas capacidades de cada um para o fazer e a vontade de agir.
Combina acções directas e indirectas. Um exemplo de uma acção directa é criar bons habitats para insectos no nosso jardim. Acções directas de cidadãos em espaços verdes podem ajudar a criar habitats “stepping-stones” em zonas urbanizadas, mitigando assim o impacto da urbanização. Além dos espaços verdes públicos, os jardins privados podem trazer benefícios para a diversidade de insectos e contribuir para a conservação. Atrair insectos através de acções directas facilita experiências positivas com estes animais, contrariando atitudes comuns negativas em relação aos insectos.
Também são necessárias acções indirectas que incentivem agricultores, políticos, empresas e ONG a fazer mais pelos insectos. Um exemplo de uma acção indirecta é informar outras pessoas sobre o problema do declínio dos insectos para que possam agir.
O método é aplicável a vários contextos tanto em educação formal (escolas e universidades) como informal (outreach) e quer colmatar as lacunas entre o conhecimento que existe e a implementação de acções.
“Acreditamos que o método ACIC pode ajudar a identificar e desenvolver abordagens eficazes de intervenção, que têm o potencial de apoiar mudanças em prol da biodiversidade dos insectos”, escrevem os autores no artigo.
Este artigo foi feito a pensar nos cientistas de Conservação e outros biólogos interessados em comunicar sobre o declínio dos insectos e a sua conservação, educadores e investigadores na área das ciências sociais e da educação.
Os insectos representam 70% de todas as espécies conhecidas e são cruciais para o funcionamento da maioria dos ecossistemas terrestres e de água doce. O seu declínio terá consequências para muitos animais que deles se alimentam, como as aves e os morcegos, e para as plantas que são por eles polinizadas.