O tubarão anequim pode desaparecer no Atlântico se a sua captura não for reduzida para zero já em Janeiro de 2018, alerta uma equipa de investigadores portugueses.
Portugal é um dos maiores pescadores de tubarão anequim, a par de Espanha e Marrocos.
Mas estes animais, “de maturações tardias, são particularmente susceptíveis a esforços de pesca intensos”, disse hoje, em comunicado, Luís Alves, investigador no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria (MARE/IPLeiria).
O alerta foi feito por investigadores de três instituições portuguesas depois de terem analisado os dados da última década de descargas de tubarões e raias em Portugal. Constataram que este tubarão tem sofrido uma drástica diminuição em lota.
“Os valores de pesca de tubarão têm sido os mais baixos alguma vez registados”, acrescentou Luís Alves, também presidente da Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE). “Sendo Portugal um dos países que mais pesca tubarões, não podemos passar ao lado dos dados que, reiteradamente, a comunidade científica internacional tem vindo a apresentar.”
A investigação, apresentada este mês na conferência da European Elasmobranch Association, em Amesterdão, confirma os efeitos negativos da sobrepesca destes animais no Atlântico. Segundo os cientistas, vivemos um “preocupante declínio das populações de tubarões”, animais que, segundo Luís Alves, são “vitais para a regulação da saúde e diversidade dos oceanos”.
Uma forma de travar o problema é introduzir “melhores medidas de gestão da pesca” porque as actuais são “insuficientes”. Actualmente, Portugal não impõe quaisquer quotas ou tamanhos mínimos de captura, notam os investigadores.
“O que recomendamos é (…) a proibição total e imediata de capturas de anequins no Atlântico Norte”, uma medida defendida também pela International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas (ICCAT).
De acordo com este organismo, a população de anequins do Atlântico Norte terá cerca de 50% de hipóteses de apresentar sinais de recuperação em 2040, caso as capturas sejam reduzidas para zero já a partir de 2018.
O grupo de investigadores portugueses espera que estes dados sejam usados já amanhã, na reunião do ICCAT, em Marrocos, para promover a proteção destas espécies, e recomendar que os Estados, incluindo o português, proíbam a pesca de tubarão anequim já a partir de Janeiro, “sob pena desta espécie se extinguir num futuro próximo”.
O estudo envolveu o Politécnico de Leiria, a Universidade de Lisboa e a Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação de Elasmobrânquios (APECE).