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Foto: Helena Geraldes

Ingleses cada vez mais preocupados com divórcio entre crianças e Natureza

17.02.2016

Um estudo financiado pelo Governo britânico concluiu que 12% das crianças inglesas não tinham visitado um ambiente natural no espaço de 12 meses consecutivos, pelo menos. Os resultados confirmam também a forte importância dos progenitores para a relação com a Natureza.

 

O inquérito prolongou-se entre Março de 2013 e Fevereiro de 2015, realizado pela Natural England, junto de mais de 10.000 crianças com menos de 16 anos. As famílias eram questionadas todos os meses.Os resultados indicam que 12% dessas crianças não tinham visitado jardins, parques, praias, florestas ou outros ambientes naturais ao longo do último ano.

Os mais distanciados do mundo natural são crianças de famílias com baixos rendimentos e de etnia negra, asiática e outras minorias.

Os resultados do estudo apontam também para uma divisão entre o Norte e o Sul. No Nordeste do país, 78% dos mais novos visitam espaços naturais pelo menos uma vez por semana, enquanto que em Londres, por exemplo, isso sucede apenas com 62%.

O inquérito indica também que o interesse dos pais pela Natureza tem uma forte influência nas visitas dos mais novos aos espaços verdes: nas casas onde os adultos são visitantes frequentes, a maioria das crianças também o são (82%).

Já quando acontece o contrário, apenas 39% dos menores de 16 anos passeiam frequentemente na Natureza.

Aliás, a grande maioria dos passeios no mundo natural realizam-se em conjunto com os pais ou outros adultos que vivem na mesma casa (75%).

“Os adultos são extremamente importantes como mediadores das visitas das crianças aos espaços naturais”, sublinham os autores do estudo, que chamam também a atenção para “as claras desigualdades sociais” na forma como os mais novos acedem aos espaços verdes.

“Os problemas relacionam-se com o medo, o espaço, a tecnologia e o tempo, e variam muito ao longo do país”, disse Natalie Johnson, da organização não governamental Wild Network, ao jornal britânico The Guardian.

“Nos subúrbios de classe média, [o problema] são os pais: como é que dizemos aos pais que o tempo para as crianças brincarem lá fora à vontade é tão importante como as aulas de francês, ballet e mandarim?”

Os resultados deste inquérito vão servir de base ao desenvolvimento de um indicador para medir a interacção de crianças e jovens com ambientes naturais, em Inglaterra. Vão ainda ser utilizados na definição de estratégias de intervenção para a saúde pública e o bem-estar.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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