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Há um ano que eles protegem aves, morcegos e insectos da poluição luminosa

16.05.2023
Foto: SternaVisuals

O LIFE Natura@night faz um ano hoje, no Dia Internacional da Luz. A SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), coordenadora do projecto, conta o que já foi feito e o que está previsto para proteger a vida selvagem da poluição luminosa.

“Uma noite com vida” é o mote deste projeto que reúne 13 parceiros e termina em 2025 para mitigar a poluição luminosa na Madeira, Açores e Canárias.

Foto: SternaVisuals

No primeiro ano de projecto, técnicos e voluntários resgataram 117 aves marinhas que tinham ficado encandeadas pelas luzes, fizeram mais de 1.800 inquéritos para aferir os sentimentos e preocupações dos madeirenses em matéria de iluminação pública e amostraram mais de 11.500 insetos como parte do esforço para perceber os efeitos da luz artificial excessiva na biodiversidade na Madeira e Açores.

Foi feito ainda o mapeamento da poluição luminosa nos três arquipélagos, através de censos de embarcações e medições de iluminação. Para breve está previsto usar imagens de satélite.

Além disso, as equipas do projeto têm vindo a monitorizar ninhos de aves marinhas e a realizar amostragem de morcegos e revisões bibliográficas sobre os impactos da poluição luminosa nas aves, morcegos e insectos.

No decurso do próximo ano de projecto, os responsáveis querem implementar Planos Diretores de iluminação pública nos municípios parceiros e alterações na iluminação pública, para reduzir a poluição luminosa na Madeira – uma ameaça ao equilíbrio dos ecossistemas e à saúde humana.

Outro foco importante é a sensibilização da população para a implementação de soluções de iluminação mais eficientes e ecológicas.

Foto: Neide Paixão

“É necessário sensibilizar para proteger. Assim, iremos alcançar um grande grupo de pessoas e todo este trabalho não será em vão após o término do projeto”, disse, em comunicado, Cátia Gouveia, coordenadora do projecto. 

O grande objectivo é tornar a iluminação pública “mais eficiente, melhor direcionada e mais amiga do ambiente” e ajudar a criar regulamentação da iluminação pública e privada a nível regional, nacional e internacional, explicou a organização.

Hoje mais de 80% da população mundial (99% na América do Norte e Europa) vive sob céu iluminado. “Além dos problemas de saúde causados nos humanos, todos os anos, milhões de aves morrem por causa da poluição luminosa, que altera os padrões da luz natural nos ecossistemas”, alertou a SPEA.

O grupo das aves é um dos mais afectados por este problema. Durante a migração noturna, os focos de luz artificial das cidades causam o encandeamento das aves, podendo causar o desvio da rota. E no caso dos juvenis de aves marinhas, a luz artificial atrai-as para os centros das cidades onde, muitas vezes feridas, não conseguem chegar ao mar. Mesmo feixes de luz de baixa potência perturbam de forma intensa estes animais.

Foto: Ruben Jesus

O projecto LIFE Natura@night é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, coordenado pela SPEA, e tem como parceiros a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a Câmara Municipal do Funchal, a Câmara Municipal de Santa Cruz, a Câmara Municipal de Machico, a Câmara Municipal de Santana, a Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, a Direção Regional de Políticas Marítimas, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, o Instituto de Astrofísica de Canárias, o Instituto Tecnológico de Canárias, a Fluxo de Luz e a Sociedade Espanhola de Ornitologia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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