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Pradarias marinhas da Ria Formosa. Foto: Rui Santos

Há sinais de que pradarias marinhas na Europa estão a recuperar

26.07.2019

Estudo de investigadores de 21 instituições europeias concluiu que um terço das pradarias marinhas europeias desapareceram desde 1869, mas actualmente há melhorias.

As conclusões deste novo estudo, liderado por Carmen B. de los Santos, do CCMAR – Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, foram publicadas agora na revista Nature Communications.

A equipa analisou toda a informação disponível na Europa sobre as áreas e densidades de ervas marinhas, desde 1869, num total de 737 locais situados junto à costa de 25 países europeus, incluindo Portugal.

A importância destas plantas, que não são algas, prende-se com as pradarias marinhas que formam em zonas costeiras. Esses ecossistemas “suportam as pescas, desempenham um papel importante no sequestro de carbono, oferecem proteção costeira e abrigam espécies ameaçadas como os cavalos-marinhos”, nota um comunicado do CCMAR.

Cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus). Foto: Rui Santos

Analisando os dados existentes, os cientistas perceberam que a Europa perdeu um terço destas áreas de ervas-marinhas ao longo dos últimos 150 anos, em especial durante as décadas de 1970 e 1980. Principais causas: “A degradação da qualidade da água devido ao aumento dos níveis de nutrientes, distúrbios mecânicos (ex.: ancoragem de barcos, arrasto de fundo) e doenças.”

Mas há agora uma “luz ao fundo do túnel”, pois após esses anos de “intenso declínio”, as pradarias marinhas começaram a mostrar sinais de recuperação.

“Os nossos resultados são muito encorajadores”, afirma Rui Santos, investigador do CCMAR e professor da Universidade do Algarve, autor sénior do artigo. “Contrariamente às tendências globais, as taxas de perda de ervas marinhas na Europa abrandaram no final do século XX” e “em alguns locais, as pradarias marinhas até recuperaram”.

Rui Santos relaciona esses resultados com a criação de áreas marinhas protegidas e a redução de descargas de nutrientes e sublinha que o novo estudo “traz esperança para os esforços de conservação de ervas marinhas”.

Plantas marinhas. Foto: Duartefrade/Wiki Commons

A Ria Formosa, a Ria de Aveiro e os estuários do Sado, Tejo e Mondego são as áreas onde em Portugal é possível encontrar as maiores pradarias marinhas, mas nas últimas décadas estas “foram fortemente impactadas”, alerta o investigador.

“Neste contexto, o nosso estudo traz otimismo e apoia os esforços que as autoridades competentes estão a fazer na gestão e conservação das nossas zonas costeiras”, conclui.


Agora é a sua vez.

Saiba como ajudar os cientistas a conservarem as florestas marinhas, incluindo as pradarias, aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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