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Há 150 anos que não se viam ursos na região de Ourense, na Galiza

04.05.2020

As imagens de um urso-pardo foram gravadas por acaso no Parque Natural do Invernadeiro (Ourense), durante as filmagens para um documentário galego, “Montanha ou morte”, realizado pelo cineasta Pela del Álamo e produzido pela Zeitun Films.

 

“Trata-se do primeiro urso filmado na comarca e muito provavelmente também o primeiro a atravessá-la nos últimos 150 anos”, indica a equipa da produtora, numa nota divulgada.

Câmaras de foto-armadilhagem, situadas em vários locais do Parque Natural do Invernadeiro, “registaram repetidas vezes a presença de um urso pardo (Ursus arctos)”. As câmaras tinham sido ali colocadas há dois anos, para filmar a vida selvagem para o futuro documentário, que está ainda em fase de desenvolvimento.

 

 

Acredita-se que o urso em questão é um macho com 3 a 5 anos e que ali terá chegado vindo das montanhas da Serra do Courel, que fica mais a norte.

Para o registo das imagens, a equipa contou com o apoio de dois guardas ambientais do parque, Ricardo Prieto Rocha e Tomás Pérez Hernández. De acordo com estes responsáveis, “o animal passou o Inverno com segurança no parque O Invernadeiro”, o que indica que “a zona é apta para que outros exemplares se estabeleçam no futuro”.

O Parque Natural do Invernadeiro tem cerca de 6.000 hectares e situa-se no Maciço Central ourensano, com uma paisagem de montanhas e paisagens rochosas. Ali habitam várias espécies selvagens, como o lobo, a cabra-montês e o cervo. Para se visitar é necessária autorização.

A área fica a cerca de duas horas de carro do Parque de Montesinho, onde em Maio passado foi registada a presença de um urso pardo. Foi a primeira vez desde 1843 que se constatou a presença da espécie em Portugal.

Em Espanha, são conhecidas duas populações de ursos: na região da Cordilheira Cantábrica, no Norte do país, e também na zona dos Pirinéus, junto à fronteira com Espanha, onde está em curso um processo de reintrodução da espécie. Os ursos pardos são uma espécie protegida em Espanha desde 1973 e foram declarados Em Perigo de extinção em 1989.

O censo à população da Cordilheira Cantábrica realizado em 2018, divulgado em Novembro passado, deu conta de 64 crias nascidas nesse ano e de 38 ursas reprodutoras.

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde aqui como acontece o despertar do urso-pardo e das suas crias, na Primavera.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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