As elevadas temperaturas deste ano causaram o maior episódio de destruição de corais, conhecido como “branqueamento”, jamais registado na Grande Barreira de Coral australiana, confirma uma equipa de cientistas. A área mais atingida perdeu 67% dos seus corais.
Estima-se que os recifes de coral existam no planeta há, pelo menos, 40 milhões de anos. Ocupam cerca de 284.300 quilómetros quadrados, ou seja, uma área metade da superfície da França, segundo o Atlas Mundial dos Recifes de Coral, publicado em 2001 pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnua). São casa, protecção e fonte de alimento para muitas espécies marinhas e barreira de protecção para as populações humanas costeiras.
Quando expostos a temperaturas elevadas durante um período mínimo, os corais expelem as suas algas microscópicas (responsáveis pelas suas cores vibrantes e por transformar a luz do Sol em alimento) e tornam-se esbranquiçados, dando-lhes uma aparência de branqueamento. Quando isto acontece, os corais perderam a sua principal fonte de energia.
Hoje, o Centro de Estudos sobre Recifes de Coral australiano confirma o maior episódio de “branqueamento” de sempre na Grande Barreira de Coral. A região mais atingida tem 700 quilómetros e fica na parte mais a Norte. Aí, cerca de 67% dos corais morreram nos últimos oito a nove meses. Mais a Sul, os cientistas respiraram de alívio por encontrar um rasto de destruição menor.
“A maior parte das perdas em 2016 ocorreram na parte Norte, mais virgem na Grande Barreira de Coral”, explicou, em comunicado, Terry Hughes, director daquele centro, sediado na Universidade James Cook. “Esta região escapou com danos ligeiros em dois episódios anteriores, em 1998 e em 2002. Mas desta vez foi muito atingida.”
Para Terry Hughes, “a boa notícia é que os dois terços da Grande Barreira de Coral do Sul escaparam com danos ligeiros”, em média de 6% na zona Central e apenas 1% no Sul.
“Estes corais já voltaram a ter a sua cor vibrante e estão em boas condições”, disse Andrew Baird, do mesmo centro e investigador que coordenou as equipas de mergulhadores que fizeram censos de Outubro a Novembro.
Agora, os cientistas esperam que a região Norte levará, pelo menos 10 a 15 anos a recuperar. Mas um novo episódio de “branqueamento” poderá acontecer antes disso e interromper a lenta recuperação.