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Gosta de tocar nas plantas? Pode atrasar-lhes o crescimento

18.12.2018

Um estudo coordenado pela La Trobe University, na Austrália, concluiu que as plantas são extremamente sensíveis ao toque e que toques repetidos podem atrasar o seu crescimento.

 

“O mais pequeno toque de um humano, animal, insecto, ou mesmo plantas que tocam umas nas outras devido ao vento, desencadeia uma forte resposta genética na planta”, afirmou Jim Whelan, investigador que liderou este estudo publicado em Dezembro no The Plant Journal.

 

Foto: Joana Bourgard/Wilder

 

Se os toques forem repetidos, e se se prolongarem por 30 minutos, “10 por cento do genoma da planta é alterado”, explicou o cientista, citado num comunicado da universidade australiana.

“Isto envolve um enorme dispêndio de energia que é retirada ao crescimento da planta. Se o toque for repetido, então o crescimento da planta reduz-se até 30 por cento.”

Continua por saber, no entanto, porque é que as plantas reagem afinal de forma tão forte ao toque, admitiu a equipa de investigadores.

Ainda assim, os cientistas já conseguem compreender melhor os mecanismos genéticos envolvidos nesta resposta. Por exemplo? “Sabemos que quando um insecto aterra numa planta, os genes são activados, preparando a planta para se defender de ser comida”, disse Yan Wang, co-autor do estudo. “No entanto, os insectos também podem ser benéficos, por isso, como é que as plantas distinguem entre amigos e inimigos?”

O crescimento também pode ser atrasado quando as plantas estão tão próximas que tocam umas nas outras, “numa resposta de defesa que pode optimizar o acesso à luz do sol.”

 

flores brancas
Flores da Arabidopsis thaliana. Foto: Alberto Salguero Quiles/Wiki Commons

 

O estudo baseou-se nas plantas da espécie Arabidopsis thaliana, conhecida em Portugal pelos nomes comuns de arabeta ou erva-estrelada, entre outros. Mas os cientistas acreditam que os resultados se podem aplicar à maioria das espécies.

Avaliar de que forma reagem ao toque as espécies usadas em culturas vai ser a próxima fase desta investigação, tal como perceber quais podem ser as consequências de desenvolver espécies menos sensíveis, adiantaram os investigadores.

“Por exemplo, podem as plantas mais resistentes ao toque ser mais susceptíveis às doenças, porque foi removido um mecanismo crucial de defesa?”, questionou Jim Whelan.

 

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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