Banner

Urso-pardo. Foto: Frank Vassen/Wikimedia Commons

Estudo revela que regresso do urso-pardo a Portugal seria visto de forma positiva

19.01.2024

Um estudo publicado na revista Conservation Science and Practice revela que vários grupos da sociedade consideram, no geral, positivo um eventual regresso do urso-pardo (Ursus arctos) a Portugal.

estudo “Perceptions and attitudes of stakeholders on the return of brown bears (Ursus arctos): Contributions from a workshop held in northern Portugal“, publicado a 26 de Dezembro de 2023, concluiu que vários grupos da sociedade – como académicos, investigadores, administração, organizações não governamentais de ambiente, gestores cinegéticos e da área do turismo e representantes de associações pecuárias e do setor florestal – consideram, no geral, positivo um eventual regresso do urso-pardo.

Esta espécie está atualmente extinta no nosso país mas ocorre na vizinha Espanha, onde a população Cantábrica tem vindo a expandir-se nos últimos anos.

Segundo a organização Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, que participou no estudo, esses grupos afirmaram que “se sentiriam seguros em áreas onde os ursos-pardos estivessem presentes”. Além disso, “têm uma visão positiva em relação ao regresso do urso-pardo a Portugal e avaliam essa possibilidade como uma oportunidade para o desenvolvimento local e não como uma ameaça”.

Para a organização, estes resultados “fornecem uma base de avaliação das perceções e atitudes relativamente ao urso-pardo importantes para a elaboração de um plano de conservação que prepare o eventual regresso da espécie ao território nacional”.

O urso-pardo extinguiu-se em Portugal em 1843, no século XIX. Somente no século XXI, na primavera de 2019, o registo de um urso-pardo macho foi oficialmente confirmado no norte de Portugal e “é provável que mais ursos façam incursões no nosso território num futuro próximo e possam, eventualmente, fixar-se no norte do país”.

Este estudo foi realizado com base num inquérito feito a 42 participantes do “Networking Event – E se o urso-pardo voltar?”, um evento ibérico que teve lugar em Outubro de 2021 em Bragança e cujo objetivo principal foi debater antecipadamente aquele que poderá ser um dos grandes desafios de conservação da natureza em Portugal: o potencial regresso do urso-pardo ao norte do país e a sua coexistência com o ser humano e lançar as fundações para futuras ações transfronteiriças de conservação da espécie no território nacional.

De acordo com o estudo, 83% dos inquiridos considerou o regresso do urso-pardo a Portugal algo provável de acontecer nos próximos 10 a 20 anos.

Estima-se que existam hoje entre 15.000 e 16.000 ursos-pardos na Europa Continental, excluindo Rússia e Bielorrússia.

Este evento foi organizado pela Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, em parceria com a AEPGA – Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o Município de Bragança e o Instituto Politécnico de Bragança. 

A Palombar, criada em 2000, tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção. A sua área de intervenção é a região de Trás-os-Montes mas tem vindo a expandir o seu território de atuação. 


Saiba mais.

Descubra sete curiosidades sobre o urso-pardo.

Pode o urso-pardo voltar a Portugal? Daniel Veríssimo responde.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss