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Pilrito-comum (Calidris alpina). Foto: Zeynel Cebeci/WikiCommons

Estatuto de ameaça aumenta para 16 espécies de aves costeiras migratórias

28.10.2024

À medida que a Conferência da Biodiversidade da ONU na Colômbia entra nos dias finais de negociações, uma revisão da Lista Vermelha da UICN reclassificou 16 espécies de aves costeiras para categorias mais elevadas de ameaça.

Entre as espécies que hoje estão mais ameaçadas de extinção estão o pilrito-comum (Calidris alpina) – que passou de Pouco Preocupante para Quase Ameaçado -, a tarambola-cinzenta (Pluvialis squatarola) – que passou de Pouco Preocupante para Vulnerável – e o pilrito-de-bico-comprido (Calidris ferruginea) – que passou de Quase Ameaçado para Vulnerável.

De entre as 16 espécies de aves costeiras reclassificadas, 14 registaram deteriorações genuínas desde 1988, quando foi publicada a primeira Lista Vermelha para as aves. As outras duas espécies já estariam em declínio antes desse ano.

Segundo a federação Birdlife International, “a Ciência mostra o enorme impacto negativo do declínio das populações destas aves, com a perturbação de ecossistemas inteiros e de cadeias alimentares”. “Como as aves migram para lá das fronteiras, a nova actualização salienta a necessidade, sem demora, de mais colaboração dos Governos para reverter as perdas destas aves migratórias.”

Os ornitólogos da Birdlife International pedem mais acção e financiamento para recuperar as espécies ameaçadas, para proteger e restaurar ecossistemas e para transformar a forma como produzimos alimentos e energia.

“O declínio das aves migratórias, que ligam as pessoas através de países e de continentes, é um símbolo poderoso de como estamos a falhar.”

A federação sublinha que as aves são indicadores importantes do estado da natureza. Elas ocorrem quase em todo o lado, os seus comportamentos e ecologia muitas vezes assemelha-se a outros grupos de espécies, estão extremamente bem estudadas e são responsavas às alterações ambientais.

Com uma em cada oito espécies de aves ameaçadas de extinção e 60% das espécies de aves em declínio a nível mundial – em 2022 essa percentagem era de 49% -, a diminuição das populações de aves é um sinal da crise dos ecossistemas.

“Enquanto que muitas destas aves costeiras continuam a ser numerosas e ainda são frequentemente encontradas ao longo das suas rotas migratórias, novos estudos de dados de monitorização a longo prazo revelam que as populações globais de algumas espécies diminuíram mais de um terço nas últimas décadas”, alerta, em comunicado, Martin Harper, CEO da Birdlife International. “Em alguns casos, o ritmo do declínio está a acelerar.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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