Esquilo regressa ao Parque Natural de Sintra Cascais de onde tinha desaparecido no século XVI

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O esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris) regressou à serra de Sintra, onde estava localmente extinto desde meados do séc. XVI, revelou hoje o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

A espécie foi detetada por uma equipa de vigilantes da natureza do ICNF que estavam em trabalho de campo no âmbito do Programa de monitorização de espécies da Direção Regional da Conservação da Natureza e das Florestas de Lisboa e Vale do Tejo.

Esquilo-vermelho. Foto: ICNF

O esquilo-vermelho esteve extinto nesta região desde o séc. XVI devido à acentuada degradação do seu habitat, nomeadamente à intensa desflorestação do território nacional para a indústria naval, agricultura e pastoreio, com consequente fragmentação e perda de condições favoráveis.

No séc. XIX, a tentativa de reintrodução ordenada pelo Rei D. Fernando II na serra de Sintra (Parque da Pena) não teve sucesso. A população de esquilos que foi introduzida não sobreviveu.

Hoje o esquilo-vermelho tem uma ampla distribuição no território nacional, mas não tinha ainda conseguido recolonizar a região de Sintra por causa de inúmeras barreiras físicas como vias de comunicação e a malha urbana.

Esquilo-vermelho. Foto: ICNF

O esquilo-vermelho habita preferencialmente florestas de coníferas e de outras árvores que fornecem sementes comestíveis e abrigo. É uma espécie herbívora e granívora que dedica grande parte do seu tempo à procura de alimento, constituído fundamentalmente por frutos, sementes e fungos, incluindo na dieta de forma ocasional, invertebrados, líquenes, flores e ovos.

Tem um comportamento particular de ocultar alimento nos buracos de árvores e no solo que utiliza quando a disponibilidade alimentar é mais reduzida, contribuindo desta forma para a reflorestação natural. Em Portugal, as sementes de coníferas constituem o alimento mais consumido, representando 85 % da sua dieta, dos quais 75 % são de pinheiro-bravo.

Enquanto espécie-presa, o Esquilo-vermelho faz parte da dieta de várias espécies de mamíferos e aves de rapina, contribuindo para a melhoria das condições de alimentação de várias espécies predadoras com estatuto de ameaça, salientando-se a águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), águia- calçada (Hieraaetus pennatus), bufo-real (Bubo bubo), açor (Accipiter gentilis) e de espécies que, não estando ameaçadas, são raras em Sintra, como a fuinha (Martes foina). “Por esta razão, a recolonização natural da serra de Sintra por esta espécie, a concretizar-se com sucesso, representará também uma vantagem para a conservação de espécies ameaçadas”, acredita o ICNF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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