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Ramos de uma árvore, sem folhas, contra um céu azul
Foto: Joana Bourgard / Wilder

Especialistas criticam situação do Pinhal de Leiria

27.01.2020

Peritos do grupo de trabalho criado para acompanhar a recuperação do Pinhal de Leiria referem que há proliferação sem controlo de plantas invasoras e muita reflorestação por fazer.

 

São várias as críticas à situação actual do Pinhal de Leiria feitas por membros do Observatório do Pinhal do Rei, criado após o incêndio de Outubro de 2017, em declarações transmitidas esta segunda-feira pela rádio TSF.

Segundo José Nunes André, geógrafo, há ainda muitas árvores queimadas por cortar, que deveriam ter sido logo retiradas do terreno. Agora, esses trabalhos feitos com maquinaria pesada vão “pisoteando os pinheiros que nasceram espontaneamente” e que de outra forma teriam grandes possibilidades de sucesso, disse o membro do Observatório à TSF.

Sónia Guerra, bióloga e também parte do Observatório, criticou por sua vez a falta de controlo de plantas invasoras, como as acácias, que afectam o crescimento de outras espécies neste espaço, também conhecido como Mata Nacional de Leiria. O controlo de invasoras, indicou, “só está a ser feito nalgumas faixas de contenção na chamada rede primária dos 10 metros de margens de estrada”.

Os dois especialistas consideram que em termos de replantações fez-se até hoje “o mínimo dos mínimos”, dando-se primazia à venda da madeira queimada e deixando os trabalhos de requalificação para mais tarde. “Passa a ideia de que o Pinhal de Leiria, sendo a mata mais emblemática do país, não está a ser uma prioridade”, referiu ainda Sónia Guerra.

O incêndio do Pinhal de Leiria ocorreu em Outubro de 2017 e afectou 86% do espaço, ou seja, mais de 9.740 hectares. Poucos meses depois, no início de 2018, o primeiro-ministro António Costa anunciou que desejava que a recuperação desta mata se tornasse num exemplo de como se faz reflorestação.

Em Outubro passado, uma fonte do nstituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) tinha indicado à agência Lusa que tinham sido instaladas mais de 1 milhão de árvores numa parte da zona ardida, num total de 1.093 hectares. Na restante área, tinha sido “implementado um programa de monitorização da dinâmica de regeneração natural de pinheiro bravo, numa área de cerca de 4.480 hectares”.

Tinham sido também lançados dois concursos para operações adicionais de revalorização.

Um dos principais críticos da situação actual tem sido Ricardo Vicente, engenheiro agrónomo, que se demitiu do Observatório do Pinhal do Rei em Junho do ano passado, com críticas ao ICNF e ao Governo. O agora deputado do Bloco de Esquerda considera que faltam um plano concreto e meios humanos e financeiros para que a recuperação do Pinhal de Leiria tenha sucesso.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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