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Escolas do Algarve vão monitorizar lixo marinho em seis praias

02.10.2018

“A minha praia” é um projecto de ciência cidadã dirigido às escolas, coordenado pelo Centro Ciência Viva de Tavira, para criar uma rede de monitorização do lixo marinho ao longo da costa do Algarve.

 

O projecto arrancou a 28 de Setembro, dia em que o Centro Ciência Viva de Tavira levou alunos do 3º e 4º ano da Escola Básica 1.º ciclo de Santa Luzia à Praia do Barril para uma sessão de monitorização e limpeza do lixo presente no areal.

“Às crianças participantes foi feita uma introdução à problemática do lixo marinho, suas origens e impactos, sobretudo como a sua presença nas nossas praias afeta a saúde do meio marinho, o quotidiano das populações residentes e a economia local”, segundo um comunicado deste Centro Ciência Viva enviado hoje à Wilder.

Depois, os alunos percorreram uma parcela da Praia do Barril em busca de todo o lixo visível, munidos de luvas protetoras, sacos de recolha de lixo e fichas de registo e catalogação.

 

 

O projecto “A minha praia” foi um dos vencedores da primeira edição do Orçamento Participativo Portugal (OPP) na área da Ciência em 2017 e alia os três Centros Ciência Viva da região (Centro Ciência Viva do Algarve, Centro Ciência Viva de Lagos e Centro Ciência Viva de Tavira). Envolve também o projeto Straw Patrol, o Centro de Ciências do Mar (CCMar), a Agência Portuguesa do Ambiente – Administração da Região Hidrográfica do Algarve (APA/ARH-Algarve), e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), vários municípios algarvios e o empreendimento turístico Pedras d’El-Rei.

Cada Centro Ciência Viva está responsável por implementar ações de monitorização do lixo marinho em praias dentro do seu alcance geográfico.

Ao Centro Ciência Viva de Tavira cabe conduzir estas ações de monitorização na Praia do Barril (Tavira) e Praia de Monte Gordo (Vila Real de Santo António), enquanto o Centro Ciência Viva do Algarve tem a seu cargo a praia da Ilha de Faro e a Praia dos Pescadores (Albufeira) e o Centro Ciência Viva de Lagos coordena as ações na Meia Praia (Lagos) e na Praia da Mareta (Vila do Bispo).

Estas ações de monitorização seguem a metodologia proposta pela Convenção OSPAR (Convenção para a Proteção do Meio Marinho do Atlântico Nordeste), instrumento legislativo que regula a cooperação internacional em matéria de proteção ambiental no Atlântico Nordeste e da qual Portugal é signatário desde 1992.

“As ações de monitorização e limpeza levadas a cabo pelos alunos algarvios de vários anos letivos não só são atos de civismo ambiental como são verdadeiros eventos de ciência cidadã, pois tenciona-se recolher não só lixo, mas também informação sobre quantidades e tipos de lixo encontrados, bem como a sua sazonalidade”, acrescentam os organizadores da iniciativa.

Estes dados serão depois fornecidos às entidades competentes para que sejam incorporados em análises e estudos de âmbito nacional e internacional sobre o lixo marinho nas costas portuguesas e europeias.

Outra particularidade deste projeto é a instalação de estações de reciclagem de plástico “Precious Plastic” nos Centros Ciência Viva participantes. Estas estações de reciclagem estarão disponíveis à comunidade escolar regional para o desenvolvimento de atividades didáticas de reciclagem e reutilização, onde a partir do lixo plástico encontrado, se produzem novos objetos que os alunos podem utilizar, prolongando assim a vida útil dos materiais e reduzindo o impacto do lixo resultante de itens plásticos descartáveis e de uso único.

Os responsáveis sublinham que o oceano “sustém a vida na Terra” e é “fonte de inspiração, prazer e descoberta”.

“Através da difusão do conhecimento atual a partir do público escolar, com este projeto procura-se atingir toda a sociedade, sensibilizando-a para as consequências ambientais, económicas e sociais da crescente presença de lixo no meio marinho e zonas a ele associadas, como as praias.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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