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várias pessoas olham o horizonte com binóculos e telescópios
Observação de aves durante o Festival de Sagres. Foto: SPEA

Entre aves e golfinhos, Sagres teve quase o dobro dos visitantes

17.10.2017

Cerca de 2.130 pessoas estiveram na oitava edição do Festival de Observação de Aves e Actividades de Natureza, que se realizou na primeira semana de Outubro, praticamente o dobro dos números do ano passado. A Wilder esteve em Sagres.

 

Num pequeno semi-rígido que cavalga as ondas ao largo da costa de Sagres, um grupo de 11 portugueses e estrangeiros observam com binóculos e a olho nu dezenas de gansos-patolas, também conhecidos por alcatrazes, que se cruzam no ar.

 

um alcatraz juvenil, de penugem ainda escura, em voo
Ganso-patola juvenil. Foto: Carla Salvador/CMVB

 

“Estas aves nidificam na Escócia. Os mais escuros são os juvenis; os alcatrazes brancos com as pontas das asas pretas são já adultos”, descrevem Jorge e Irina, que guiam os ocupantes do semi-rígido nesta saída em busca de aves marinhas.

A viagem faz-se agora em busca de outras espécies migradoras comuns ao largo de Sagres nesta altura do ano, como os delicados painhos-de-cauda-quadrada (Hydrobates pelagycus), também chamados de almas-de-mestre, os pequenos casquilhos (Oceanites oceanicus) e as pardelas-de-barrete (Ardenna gravis).

Mais à frente, o Cabo de São Vicente quase a perder de vista, cumpre-se a promessa. Dezenas de almas-de-mestre, com as suas pequenas caudas quadradas, rasam as ondas em busca do isco lançado ao mar e deliciam quem os observa pela primeira vez.

 

painho de cauda quadrada pousado no mar
Painho-de-cauda-quadrada. Foto: Inês Sequeira/Wilder

 

Mas outro dos pontos altos há-de chegar, de forma inesperada, já no final desta viagem marítima de quase três horas: cerca de 50 golfinhos nadam e saltam mesmo ao lado da embarcação, colocando-se a jeito para as fotografias.

 

dois golfinhos saltam no mar
Foto: Carla Salvador/CMVB

 

Contas feitas, de acordo com os organizadores do festival, somaram-se 169 espécies de aves observadas durante os cinco dias do festival, de 4 a 8 de Outubro. Isto sem contar com os cetáceos, nomeadamente baleias e golfinhos, e com várias espécies de invertebrados.

As saídas de mar para observar aves e cetáceos estiveram entre as mais procuradas, em especial pelos visitantes estrangeiros. Mas também as caminhadas e passeios guiados, os passeios fotográficos, as sessões de anilhagem e a observação de aves e animais noctívagos, entre as cerca de 250 actividades promovidas.

 

várias pessoas olham o horizonte com binóculos e telescópios
Observação de aves durante o Festival de Sagres. Foto: SPEA

 

Ao todo, estiveram quase mais 1000 pessoas em Sagres do que em 2016, avançou esta semana a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em comunicado.

“Bateram-se também novos recordes, como o número de nacionalidades presentes” – num total de 39, mais 10 do que na edição anterior.

 

China, Colômbia e África do Sul

Para além de 22 países europeus, incluindo Portugal, vieram pessoas de outros pontos do mundo como a Guiana, Nova Zelândia, China, Filipinas, Colômbia, México e África do Sul, exemplifica a SPEA, que em conjunto com a Almargem organiza este festival coordenado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo.

 

várias placas com indicações, como exposições, espaço crianças e outras
Interior do Forte do Beliche, um dos pontos de encontro no festival. Foto: Joana Domingues

 

Ainda assim, os portugueses foram de longe a nacionalidade mais presente. Do lado dos estrangeiros, “notou-se uma maior afluência de franceses e espanhóis”.

Quanto ao próximo ano, já é ponto assente que se vai realizar a nona edição do Festival de Sagres, “que irá contemplar, pelo menos, o primeiro fim-de-semana de Outubro.”

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Quer conhecer as aves marinhas que ocorrem em Portugal? Conheça tudo sobre o Atlas das Aves Marinhas, lançado em 2015, neste artigo da Wilder.

 

[divider type=”thin”]A jornalista da Wilder esteve no Festival de Sagres a convite dos organizadores do evento.

 

 

 

 

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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