Cerca de 2.130 pessoas estiveram na oitava edição do Festival de Observação de Aves e Actividades de Natureza, que se realizou na primeira semana de Outubro, praticamente o dobro dos números do ano passado. A Wilder esteve em Sagres.
Num pequeno semi-rígido que cavalga as ondas ao largo da costa de Sagres, um grupo de 11 portugueses e estrangeiros observam com binóculos e a olho nu dezenas de gansos-patolas, também conhecidos por alcatrazes, que se cruzam no ar.
“Estas aves nidificam na Escócia. Os mais escuros são os juvenis; os alcatrazes brancos com as pontas das asas pretas são já adultos”, descrevem Jorge e Irina, que guiam os ocupantes do semi-rígido nesta saída em busca de aves marinhas.
A viagem faz-se agora em busca de outras espécies migradoras comuns ao largo de Sagres nesta altura do ano, como os delicados painhos-de-cauda-quadrada (Hydrobates pelagycus), também chamados de almas-de-mestre, os pequenos casquilhos (Oceanites oceanicus) e as pardelas-de-barrete (Ardenna gravis).
Mais à frente, o Cabo de São Vicente quase a perder de vista, cumpre-se a promessa. Dezenas de almas-de-mestre, com as suas pequenas caudas quadradas, rasam as ondas em busca do isco lançado ao mar e deliciam quem os observa pela primeira vez.
Mas outro dos pontos altos há-de chegar, de forma inesperada, já no final desta viagem marítima de quase três horas: cerca de 50 golfinhos nadam e saltam mesmo ao lado da embarcação, colocando-se a jeito para as fotografias.
Contas feitas, de acordo com os organizadores do festival, somaram-se 169 espécies de aves observadas durante os cinco dias do festival, de 4 a 8 de Outubro. Isto sem contar com os cetáceos, nomeadamente baleias e golfinhos, e com várias espécies de invertebrados.
As saídas de mar para observar aves e cetáceos estiveram entre as mais procuradas, em especial pelos visitantes estrangeiros. Mas também as caminhadas e passeios guiados, os passeios fotográficos, as sessões de anilhagem e a observação de aves e animais noctívagos, entre as cerca de 250 actividades promovidas.
Ao todo, estiveram quase mais 1000 pessoas em Sagres do que em 2016, avançou esta semana a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em comunicado.
“Bateram-se também novos recordes, como o número de nacionalidades presentes” – num total de 39, mais 10 do que na edição anterior.
China, Colômbia e África do Sul
Para além de 22 países europeus, incluindo Portugal, vieram pessoas de outros pontos do mundo como a Guiana, Nova Zelândia, China, Filipinas, Colômbia, México e África do Sul, exemplifica a SPEA, que em conjunto com a Almargem organiza este festival coordenado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo.
Ainda assim, os portugueses foram de longe a nacionalidade mais presente. Do lado dos estrangeiros, “notou-se uma maior afluência de franceses e espanhóis”.
Quanto ao próximo ano, já é ponto assente que se vai realizar a nona edição do Festival de Sagres, “que irá contemplar, pelo menos, o primeiro fim-de-semana de Outubro.”
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Quer conhecer as aves marinhas que ocorrem em Portugal? Conheça tudo sobre o Atlas das Aves Marinhas, lançado em 2015, neste artigo da Wilder.
[divider type=”thin”]A jornalista da Wilder esteve no Festival de Sagres a convite dos organizadores do evento.