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Fotografia: ICNF

Doze datas que não devemos esquecer na conservação do lince-ibérico

23.06.2015

A história da conservação do lince-ibérico é tudo menos curta e simples. Para o ajudar a navegar em (pelo menos) 40 anos de sucessos e insucessos aqui ficam 12 datas que ninguém que se importe deve esquecer.

 

1979-1980: Campanha “Salvemos o lince e a serra da Malcata”, depois de o biólogo Luís Palma ter alertado para a situação de ameaça aquando do seu trabalho de campo naquela serra em 1976 e 1977. A campanha conseguiu recolher mais de 46.500 assinaturas para proteger a serra. A Reserva Natural Parcial da Serra da Malcata acabaria por ser criada em 1981.

 

1986: a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) lista o lince-ibérico como espécie Ameaçada. Na década de 80 a população mundial era de apenas 1100 animais em dez populações isoladas em Espanha e Portugal.

 

1994-1997: um censo feito em Portugal revelou cinco populações com um total de 40 a 53 linces: Serra da Malcata, Serra de São Mamede, Vale do Guadiana, Algarve-Odemira (a mais importante, talvez com 25 animais) e bacia do rio Sado.

 

1996: O Grupo de Peritos em Felinos da UICN considera o lince-ibérico como a espécie de felino mais vulnerável do mundo, com base no tamanho da população e risco de extinção.

 

2002-2003: uma equipa de biólogos realizou entre Janeiro de 2002 e Maio de 2003 um censo ao lince em Portugal, percorrendo um total de 4200 quilómetros. Não foi detectado qualquer sinal de lince. “Apesar de não podermos confirmar a extinção, o cenário é altamente pessimista”, escreviam os autores do estudo. Em 2002, o censo em Espanha registou apenas 200 linces, dos quais só 30 fêmeas reprodutoras, em duas populações separadas por 240 quilómetros: Doñana (30 a 35 linces) e Cardeña-Andujar (90 a 120 linces).

 

Outono de 2003: início do programa espanhol de reprodução em cativeiro, com quatro fêmeas e três machos, no Centro El Acebuche, no Parque Nacional de Doñana. A 28 de Março de 2005 nasceriam os primeiros linces em cativeiro, em Doñana, filhos de Garfio e Saliega: Brezo, Brisa e Brezina.

 

31 de Agosto de 2007: assinatura do acordo de cooperação entre Portugal e Espanha para o Programa de Reprodução em Cativeiro do Lince Ibérico, entre os ministros do Ambiente português, Francisco Nunes Correia, e espanhola, Cristina Narbona.

 

6 de Maio de 2008: publicado o Plano de Acção para a Conservação do Lince-Ibérico (2008-2012), que lista oito áreas prioritárias de intervenção: Moura-Barrancos, Malcata, Nisa, São Mamede, Guadiana, Caldeirão, Monchique e Barrocal.

 

22 de Maio de 2009: inauguração do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves.

 

26 de Outubro de 2009: chegada do primeiro lince ao CNRLI, Azahar, vinda do Parque Zoobotânico de Jerez de La Frontera. Até 2 de Dezembro foram chegando os restantes 15 linces.

 

2010: início da reintrodução de linces na Andaluzia, mais especificamente em Guadalmellato.

 

16 de Dezembro de 2014: início da reintrodução de linces em Portugal, em Mértola.

… e ainda:

23 de Junho de 2015: UICN retira lince-ibérico da categoria Criticamente Ameaçado para Ameaçado de extinção.

 

[divider type=”thin”]Não perca a nova série Wilder de reportagens sobre o lince-ibérico.

A Wilder passou dois dias no Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico (CNRLI) em Silves, durante a época de partos. Durante o mês de Julho vamos começar a contar-lhe o que por lá se passou e quem são as pessoas que trabalham com o lince-ibérico todos os dias.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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