Este ano, o Dia Europeu do Mar é celebrado em Lisboa, num evento a 16 e 17 de Maio. A associação Zero aproveita para denunciar duas obras portuárias insustentáveis no país.
O Centro de Congressos em Lisboa é o palco para a conferência EMD 2019, promovida pela Comissão Europeia em redor do empreendedorismo, inovação e investimento azuis.
Hoje, a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável identificou uma série de prioridades que considera “essenciais na discussão sobre a economia azul”.
Uma das prioridades é o não promover obras portuárias insustentáveis. A ZERO refere-se às dragagens previstas para o Estuário do Sado e ao prolongamento do quebra-mar de Leixões. Na sua opinião, estes são “exemplos de como a estratégia portuária em Portugal não respeita os valores da sustentabilidade”, diz em comunicado.
“No caso do Sado, não se assegura a salvaguarda da hidrodinâmica de sistemas sensíveis nem a proteção de espécies como os golfinhos do Sado ou a proteção das pradarias marinhas”, explica a associação.
Além disso, acrescenta, esta obra põe em causa “os elevados valores de rentabilidade económica de outras atividades como a pesca, o turismo e o lazer”.
“A economia azul em Portugal tem-se relevado negativamente num conjunto de aspetos, desde o estímulo à exploração de hidrocarbonetos ao largo de Aljezur, ao fomento da exploração mineral do fundo do mar cujo impacte na conservação dos oceanos é considerável.”
Outra das prioridades da ZERO para o Dia Marítimo Europeu é o evitar dos riscos de mineração profunda do mar por poder causar “impactos ambientais irreversíveis e significativos”.
“Os potenciais locais de mineração em águas profundas estão situados entre 1000 e 6000m abaixo da superfície do oceano, frequentemente em ecossistemas altamente vulneráveis e hotspots de biodiversidade”, alerta a associação.
“A mineração em águas profundas pode levar à perda significativa e irreversível da biodiversidade.”
A ZERO lembra que, a nível da União Europeia, “a mineração de águas profundas é um sector prioritário da estratégia de crescimento azul e faz também parte das Parcerias Europeias de Inovação sobre Matérias-Primas”.
“Intrinsecamente ligada à exploração de recursos não renováveis, a mineração de águas profundas também entra em conflito com o Objetivo 12 de Desenvolvimento Sustentável da ONU sobre consumo e produção sustentáveis e as ambições da economia circular da UE.”
Por isso, a associação defende alternativas sustentáveis à mineração em águas profundas, como a “redução na procura por recursos minerais através de uma economia circular, transição para sistemas inteligentes de energia e mobilidade e mudanças estruturais nos padrões de consumo e estilos de vida”.
Além destas duas prioridades, a ZERO identificou outras três, concretamente o estabelecimento de uma Área de Emissões Controladas no Mediterrâneo – expansível também ao Atlântico Norte (incluindo a costa Portuguesa) -, a descarbonização do transporte marítimo e o facto de as cidades portuárias não poderem ter navios-cruzeiro como fontes significativas de poluição.