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Descobertas novas espécies marinhas na Madeira

19.05.2015

A ilha da Madeira é considerada um hotspot de diversidade de briozoários, pequenos animais que formam colónias nos sedimentos marinhos. Uma equipa de cientistas portugueses e espanhóis descobriu duas novas espécies e outra que, até ao momento, apenas se tinha encontrado nas águas do Rio de Janeiro, no Brasil.

Cientistas de vários centros portugueses e espanhóis analisaram as amostras de rochas colonizadas por estes organismos a onze metros de profundidade e recolhidas em Agosto de 2013 a Sul da ilha. Os resultados, publicados na revista Zootaxa, revelam a descoberta de duas novas espécies: Favosipora purpurea e Rhynchozoon papuliferum.

A equipa estudou o material recolhido pelos próprios investigadores e amostras recolhidas no final do século XIX e conservadas no Museu de Manchester, no Reino Unido. “Assim pudemos comprovar que este material correspondia a uma espécie nunca antes descrita, a que chamamos Rhynchozoon papuliferum”, disse Javier Souto, investigador associado da Universidade de Viena e do Departamento de Zoologia e Antropologia Física da Universidade de Santiago de Compostela, à agência SINC (Servicio de Información y Noticias Científicas).

Já a Favosipora purpurea – organismo mais ou menos circular, com dois centímetros de diâmetro – representa a primeira espécie pertencente a este género descrita no oceano Atlântico e que antes apenas se conhecia no Pacífico e Índico.

“Neste trabalho, não apenas se descrevem duas espécies de briozoários novas para a Ciência, mas também se voltam a descrever seis espécies já conhecidas na ilha da Madeira, e uma espécie que se considerava endémica do Brasil foi encontrada, pela primeira vez, fora dessas águas”, acrescentou Souto.

De momento conhecem-se na Madeira 140 espécies de briozoários, o que é considerada uma grande diversidade para este grupo zoológico. Mas a maior parte do conhecimento que se tem dos animais desta região provém de trabalhos realizados por investigadores ingleses de finais do século XIX e princípios do século XX. Nos últimos anos, a aplicação de técnicas de estudo mais modernas permitiu distinguir melhor as espécies, através de uma análise mais detalhada destes organismos.

“Os briozoários são dos organismos mais importantes que vivem no sedimento marinho (e não na coluna de água) e que, muitas vezes, passam desapercebidos pelo seu tamanho reduzido”, destaca Javier Souto. Actualmente conhecem-se cerca de 6.000 espécies no mundo, mas estima-se que possam existir cerca de 11.000.

Este trabalho foi realizado no âmbito de um projecto de monitorização de espécies, cujo objectivo é conhecer a diversidade e detectar as espécies introduzidas pela actividade humana na ilha da Madeira. A iniciativa começou em 2013 por João Canning Clode, investigador na Estação de Biologia Marinha do Funchal (Madeira), entre outros centros.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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