Uma equipa de cientistas revelou agora que encontrou a nona espécie deste misterioso mamífero, e a quinta na Ásia, baptizando-a como Manis mysteria.
A nova espécie foi encontrada a partir dos dados genómicos extraídos de escamas de pangolins que tinham sido vítimas de comércio ilegal, confiscados em Hong Kong, explica um artigo publicado na revista científica PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences.
As escamas de pangolim são muito procuradas na medicina tradicional chinesa, e também a carne destes animais é muito cobiçada. Muitos investigadores consideram que este animal tímido e nocturno é o mamífero mais traficado em todo o mundo, embora em 2020 tenham surgido alguns sinais de esperança.
Foi já há alguns anos que surgiram os primeiros sinais de que a família dos pangolins poderia ser mais vasta do que as quatro espécies africanas e as quatro espécies asiáticas, todas elas classificadas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, incluindo três que estão Criticamente em Perigo. Foi quando investigadores analisaram 27 escamas deste animal confiscadas em Hong Kong, em 2012 e 2013, que apontavam para uma nova espécie. Todavia, com base nos fragmentos genéticos que na altura estavam disponíveis, foi impossível chegarem a uma conclusão definitiva.
Mais recentemente, foram analisadas escamas que tinham sido confiscadas na província chinesa de Yunnan em 2015 e em 2019, sendo depois comparadas com toda a informação genética disponível das oito espécies já conhecidas.
Os resultados agora publicados indicam que se trata de um pangolim asiático (género Manis) distinto dos restantes, “que se separou do pangolim das Filipinas e do pangolim da Malásia há mais de cinco milhões de anos”, indica o artigo que tem como primeiro autor um investigador da Universidade de Yunnan, Tong-Tong Gu. Da equipa de 11 co-autores, faz também parte um cientista ligado ao CIIMAR – Centro Interdiscplinar de Investigação Marinha e Ambiental, da Universidade do Porto, Philippe Gaubert.
As análises feitas pela equipa mostram que a nova espécie está actualmente sob pressão, pois foram encontradas “assinaturas genómicas de uma população em declínio, incluindo uma diversidade genética relativamente baixa quando comparada com outros pangolins”, apontando ainda para “altos níveis de consaguinidade”.
No entanto, segundo os cientistas, até hoje ninguém sabe ainda muito bem por onde andam estes pangolins da espécie Manis mysteria, cujo sugestivo nome remete para o seu carácter misterioso. Pode ser que sejam confundidos com outras espécies, uma vez que fisicamente são semelhantes, ou que estejam confinados a uma região mais remota. A equipa sublinha que há uma “necessidade urgente” de mais pesquisa.