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Crias de ursos nos Pirinéus descem das árvores como os esquilos

07.08.2017

O projecto que está a recuperar a população de ursos-pardos (Ursus arctos) nos Pirinéus Catalães captou em vídeo uma fêmea e as suas duas crias, sendo as primeiras imagens captadas este ano. A surpresa foi quando as crias decidiram descer da árvore de cabeça, como os esquilos.

 

A equipa que está a monitorizar a população de ursos-pardos nos Pirinéus registou, no final de Junho, imagens de uma fêmea e de duas crias nas florestas de Alt Àneu (Pallars Sobirà), no Parque Natural dos Altos Pirinéus, na Catalunha.

Os conservacionistas acreditam que estas duas crias, nascidas em Janeiro, são filhas de Caramelle ou da sua filha Plume. Estes ursos foram libertados nos Pirinéus num projecto de reintrodução na região.

As imagens, que são o primeiro vídeo registado em 2017 nos Pirinéus Catalães, mostram a agilidade das crias em deslocar-se na floresta e ao subir em segurança a uma árvore.

 

 

A surpresa aconteceu quando as crias desceram da árvore de cabeça. “Foi a primeira vez que os peritos observaram estes movimentos, mais típicos de um esquilo ou de uma marta do que de um urso dos Pirinéus”, segundo um comunicado do projecto PirosLife (2014-2023).

Este projecto, apoiado pelo programa de financiamento europeu Life-Natura, pretende consolidar a presença de urso-pardo nos Pirinéus. Por estes dias, os conservacionistas identificaram outros ursos nos Pirinéus franceses. Descobriram uma fêmea com uma cria, na região de Ariège (França) e Baix Aran e  uma segunda fêmea e as suas duas crias em Ustou (Ariège).

Os ursos-pardos desapareceram dos Pirinéus centrais em 1990. Desde 1996, o programa europeu Life tem apoiado uma série de projectos para reintroduzir a espécie, nomeadamente a libertação de ursos da Eslovénia.

Hoje, a população de ursos-pardos nos Pirinéus chegou aos 30 animais, cerca de 90% dos quais na Catalunha. Contudo, mais de 75% das crias descendem de um único macho reintroduzido da Eslovénia, chamado Piros, o que coloca problemas de consanguinidade.

O projecto PirosLife tenta melhorar a ligação ecológica entre habitats de urso, coordenar a monitorização dos animais e apoiar medidas para promover a coexistência entre ursos e pessoas.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie em perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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