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britango a voar
Abutre-do-Egipto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Conservacionistas seguem cinco abutres-do-egipto em Portugal

24.07.2017

Neste momento já são cinco os abutres-do-egipto (Neophron percnopterus), também conhecidos como britangos, marcados pelo projecto LIFE Rupis. A ideia é conhecer melhor esta espécie Em Perigo de extinção em Portugal.

 

O britango, com a sua característica face amarela e plumagem branca e preta, é o mais pequeno dos abutres ibéricos. Tem 65 centímetros de comprimento e dois quilos de peso. Esta ave está em Portugal de Abril a Setembro, para se reproduzir. Passa os meses mais frios em África.

É, por isso, durante os meses do Verão que se faz a marcação de abutres-do-egipto com emissores GPS, no âmbito do projecto LIFE Rupis – Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro (2015-2019). O grande objectivo é saber mais sobre os hábitos de alimentação, rotas e padrões de migração destas aves ameaçadas.

O primeiro britango foi marcado a 15 de Julho de 2016. Era um macho subadulto, batizado Rupis. Foi a primeira vez que um britango do Douro Internacional foi marcado com um emissor.

Já este ano, os técnicos marcaram com GPS quatro animais: uma fêmea, batizada Poiares, a 28 de Maio, dois a 12 de Junho (no Escalhão, na parte sul da região do Douro) e um outro a 19 de Julho na região de Bruçó (concelho de Mogadouro).

Segundo o LIFE Rupis, “estas marcações vão fornecer ao projeto informações valiosas sobre os movimentos detalhados” destes indivíduos. Isto é importante para a identificação de áreas-chave para alimentação e de potenciais ameaças, como linhas de energia elétrica.

A Vulture Conservation Foundation (VCF), a Associação Transumância e Natureza (ATN) e a Palombar “vão continuar a tentar capturar e marcar mais aves este Verão, pois o uso de áreas espaciais e de alimentação são relevantes para estudo e identificação, para ajudar essas aves.”

Na área do LIFE Rupis – que inclui o Parque Natural do Douro Internacional (cerca de 95.000 hectares) e o Parque Natural de Arribes del Duero (107.000 hectares) existem 121 casais confirmados e outros 14 possíveis, segundo o censo de 2016. Em Portugal, o Douro Internacional alberga o maior núcleo de abutre-do-egipto.

De acordo com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), nos últimos 40 anos a população de britangos na Europa tem sofrido um declínio de cerca de 50%. “As principais ameaças são a redução de disponibilidade alimentar, o uso ilegal de veneno, a perturbação dos locais de nidificação, a colisão com linhas elétricas e a electrocussão”, explica a organização.

O projecto de conservação transfronteiriço tem várias medidas a decorrer no terreno para ajudar estas aves. “Temos já seis campos de alimentação geridos no âmbito do Life Rupis para fazer um reforço da alimentação”, disse Julieta Costa. Além disso, os técnicos fazem um controlo da eventual perturbação em redor dos ninhos, a pesquisa de venenos, a correcção de linhas eléctricas e a reactivação de pombais, uma vez que os pombos são uma das presas da águia-perdigueira.

O Life Rupis foi lançado em Julho de 2015, em território português e espanhol na zona do Douro Internacional para ajudar a reforçar as populações de águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus) e de britango, através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor destas espécies. O projecto dura até 2019 e é co-financiado por por fundos comunitários do Programa LIFE.

A coordenação está entregue à Spea, que tem mais oito entidades parceiras, como a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o ICNF, a Junta de Castela e Leão, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y Léon, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a GNR.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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