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Abutre-do-egipto, também conhecido por britango. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

Conservacionistas ajudam jovem abutre a migrar pela primeira vez

28.11.2019

Um jovem abutre-do-Egipto, que se perdeu ao migrar pela primeira vez para África, recebeu uma ajuda crucial de técnicos portugueses e espanhóis para sobreviver.

O abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus), também conhecido por britango, é a espécie mais pequena de abutres na Europa.

As faces são amareladas e as caudas longas. Tem uma envergadura de asas que vai dos 1,55 aos 1,70 metros e pode medir até 65 centímetros de comprimento.

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Abutre-do-egipto, também conhecido por britango. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

É uma das espécie Em Perigo de extinção em Portugal e alvo de um projecto de conservação, o LIFE Rupis.

O britango passa os Inverno na África sub-saariana. Mas Portugal é um dos países onde esta espécie se reproduz, de Março a Setembro.

É, por isso, uma espécie que assenta a sua estratégia de vida nos benefícios das migrações.

Mas nem sempre tudo corre bem e há aves que precisam de ajuda para seguir viagem.

Este Verão foi encontrado um abutre-do-egipto “enfraquecido e desorientado” no concelho de Santa Maria da Feira, explicou esta semana a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em comunicado.

“Ainda muito jovem, perdera-se ao iniciar a sua primeira migração, desviando-se dos corredores migratórios, parando numa zona onde não havia alimento e onde ficou debilitado e incapaz de prosseguir.”

Populares encontraram este abutre e entregaram-no ao Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR que o levou para o Parque Biológico de Gaia.

Ali permaneceu até estar mais estável, sendo depois transferido para o Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CRAS) – Hospital Veterinário da UTAD, onde foi tratado e reabilitado.

Jovem abutre-do-Egipto recuperado pelo CRAS/UTAD. Foto: Celso Santos/UTAD

Seguiram-se dois meses de tratamento, tempo durante o qual o jovem abutre recuperou peso e massa muscular, impermeabilizou as penas e ganhou capacidade de voo.

Depois de os especialistas da UTAD o considerarem apto e saudável, o abutre foi devolvido à natureza, em território espanhol, por uma equipa do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e um especialista da UTAD.

A localização para a libertação – Acehúche, na zona de Cáceres (Extremadura), no Sul de Espanha – foi escolhida por ser um “território mais quente” e “a única área de Inverno propícia à sobrevivência desta espécie na Europa”.

“Se a soltássemos no Norte de Portugal, ela não sobreviria, já que esta espécie costuma usar vários países nos seus voos migratórios conforme o clima e as necessidades exploratórias de alimento”, explicou Celso Santos, professor da UTAD que participou no processo de devolução da ave à natureza.

Antes de ser libertado, o abutre foi equipado com um GPS “para monitorar os seus movimentos, garantindo que seguia um destino adequado e possibilitando métodos de estudo sobre os comportamentos da espécie”.

Da informação entretanto recolhida verificou-se que “a ave, contrariamente ao que era esperado, não se acomodou com os outros coespecíficos no local de invernada estabelecido, mas foi em busca de melhor conforto térmico, viajando para o Norte de África”.

Num dos seus trajectos, fez, em duas horas e meia, mais de 200 quilómetros, sendo localizada já em Argel, o que significa ter conseguido uma velocidade média de 80 km/h.


Saiba mais.

Fique a saber aqui o que acontece aos abutres-do-egipto que voam de Portugal para África.

Conheça melhor esta fantástica espécie de abutre, escolhida como a Ave do Ano de Portugal em 2016.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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