Uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro navegou pelas águas da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa para saber que lixo está a boiar no mar português. Na semana passada foram apresentados os primeiros resultados da investigação. Aqui ficam cinco coisas que ficámos a saber.
Foram registados mais de 750.000 objectos, com mais de dois centímetros, a boiar na ZEE portuguesa, entre as 50 e as 220 milhas náuticas. Mas, alerta Sara Sá, coordenadora do estudo, “grande parte do lixo permanece na coluna de água (abaixo da superfície) ou deposita-se no fundo do mar, pelo que a quantidade de lixo na superfície do mar não representa a ameaça completa”.
O plástico é o material mais abundante. Depois surgem a esferovite, restos de materiais de pesca, papel, cartão e pedaços de madeira.
O lixo com dimensões entre os 10 centímetros e um metro foi o mais abundante. Estes objectos, lembra a bióloga, “incluíam vários tipos de plásticos, cabos e linhas de pesca, sendo por isso material bastante resistente e persistente, podendo flutuar por longos períodos de tempo”.
A maior quantidade e diversidade de lixo foi encontrada no norte da ZEE, zona onde há mais embarcações de pesca.
O lixo marinho está a ameaçar peixes, aves, tartarugas e mamíferos marinhos. Estes ficam enredados em redes, cabos e linhas de pesca – materiais que acabam por causar-lhes o afogamento por asfixia – e podem ingerir lixo que lhes bloqueia o sistema digestivo, causando lesões internas ou até mesmo a morte. “A quantidade de lixo encontrada à superfície, mesmo sendo inferior a outras regiões do mundo, continua a ser preocupante para a biodiversidade marinha”, diz Sara Sá.
Bastidores da investigação
Este foi o primeiro estudo sobre lixo que flutua no mar português e foi feito por uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro, coordenada por Sara Sá.
Os dados foram recolhidos no Verão de 2011 durante a campanha oceânica a bordo da embarcação Santa Maria Manuela, no âmbito do projecto LIFE+ MarPro.
Sara Sá prepara-se agora para continuar a investigação, desta vez com o estudo do lixo marinho nas águas costeiras portuguesas e os impactos da ingestão e do emaranhamento em lixo em várias espécies da fauna marinha.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Conheça Ana, que dá vida ao plástico que chega às praias de Cascais, a campanha Mariscar sem Lixo da Ocean Alive no Estuário do Sado, e ainda o projecto Straw Patrol, que reúne seis biólogos marinhos nas praias do Algarve.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Estão abertas as assinaturas para a Parceria Portuguesa para o Lixo Marinho por qualquer pessoa ou organização interessadas em ajudar. O objectivo desta parceria é reduzir os impactos do lixo marinho e promover a protecção dos ecossistemas e da saúde humana em Portugal.
Para tal será promovida uma rede nacional de atores sociais, a partilha de informação sobre como podemos reduzir a produção de resíduos e como monitorizar o lixo marinho e serão estabelecidas metas nacionais para a sua redução. Esta parceria pretende também colaborar com organizações nacionais e internacionais em iniciativas que ajudem a prevenir, reduzir e gerir o lixo marinho.