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Pescada da espécie Merluccius merluccius. Ilustração: Marcus Elieser Bloch

Cientistas espanhóis investigam a história antiga da pescada

25.05.2021

Uma equipa analisou o ADN de 1.205 peixes pertencentes às 11 espécies de pescada conhecidas por todo o mundo.

Os resultados deste estudo indicam que o antepassado comum das diferentes espécies de pescada terá vivido há cerca de 50 milhões de anos, nas águas da Gronelândia.

A investigação foi desenvolvida por cientistas do Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO), da Universidade de Vigo, da Universidade Autónoma de Barcelona e do Instituto de Ciências do Mar de Barcelona. As conclusões foram publicadas em Maio na revista Scientific Reports.

Os fósseis mais antigos conhecidos de uma pescada datam do Oligoceno Médio, há cerca de 30 milhões de anos, quando começaram a surgir ecossistemas semelhantes aos que existem hoje em dia.

De acordo com as análises genéticas agora realizadas, a pescada norte-americana Merluccius bilinearis será a mais antiga do género. A equipa concluiu que a distribuição dessa espécie deveria “estender-se desde a Gronelândia para sul, através de um Oceano Atlântico ainda incipiente, até alcançar o Oceano Pacífico”.

Depois, essa espécie mais antiga ter-se-á dividido em duas linhagens distintas, que no estudo são chamadas de “novo mundo” e “velho mundo”, o que aconteceu devido à expansão geológica do Oceano Atlântico.

Mais tarde, “eventos geológicos posteriores, como o fecho da via marítima do Panamá há 3,5 milhões de anos, actuaram como barreira geográfica entre as duas linhagens e favoreceram a especiação.”

O artigo agora publicado sugere também uma origem comum para 14 espécimes que representam nove morfotipos de pescada raros do Pacífico Sul e do Atlântico Sul. Um morfotipo é uma variação local de uma espécie.

“Parece que a hibridação é recorrente em regiões adjacentes e de sobreposição pelo que ainda se podem encontrar novos morfotipos raros”, indicou Montse Pérez, autora principal do artigo e investigadora no Centro Oceanográfico de Vigo. “É um marco histórico termos conseguido esta informação a partir de amostras guardadas em museu, ainda que continuem a existir lacunas de conhecimento na taxonomia da pescada.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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