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Cientistas descobrem viagem épica da baleia-azul Isabela

12.06.2015

Uma única baleia-azul, chamada Isabela, pode ter ajudado uma equipa de cientistas que estuda as baleias-azuis nas águas do Chile a resolver um mistério: para onde vão estes enormes animais para se reproduzir.

 

Isabela é uma baleia-azul (Balaenoptera musculus) que pesa 100 toneladas e tem 25 metros de comprimento. Não se lhe conhece a idade.

Os investigadores descobriram que Isabela viajou, pelo menos uma vez, entre o Golfo do Corcovado, no Chile, e as águas equatoriais das ilhas Galápagos, percorrendo mais de 5.000 quilómetros de distância. A viagem representa o mais longo movimento migratório Norte-Sul alguma vez registado para uma baleia-azul do Hemisfério Sul.

Agora acredita-se que este poderá ser um local de reprodução para a baleia-azul.

Os cientistas, que publicaram ontem um estudo na revista Marine Mammal Science, procuraram estabelecer ligações entre as populações de baleia-azul no Golfo do Corcovado e de outras regiões. Para isso estudaram amostras de ADN recolhidas com a ajuda de dardos e também registos de observações e fotografias para tentar ligar indivíduos específicos a diferentes localizações.

Este trabalho permitiu identificar uma fêmea observada ao largo da costa ao Sul do Chile no Verão Austral de 2006; os investigadores perceberam que essa mesma baleia já tinha sido identificada nas águas das Galápagos oito anos antes, por cientistas da NOAA (Administração norte-americana para os Oceanos e Atmosfera). Ao estudar as fotografias encontraram a mesma curvatura da barbatana dorsal e os mesmos padrões no dorso, confirmando que pertenciam à mesma baleia.

 

 Barbatana dorsal de Isabela nas águas das Galápagos em 1998. Fotografia: Paula Olson/NOAA
Barbatana dorsal de Isabela nas águas das Galápagos em 1998. Fotografia: Paula Olson/NOAA

 

“Os esforços para proteger as baleias-azuis e outras espécies oceânicas precisam sempre da ajuda de um completo conhecimento sobre o alcance migratório de uma espécie”, disse em comunicado o principal autor do estudo, Juan Pablo Torres-Florez, da Universidade Austral do Chile e do Blue Whale Center. “Com este tipo de descobertas podemos encorajar os Governos do Sul do Pacífico a pensar em criar uma rede de áreas marinhas protegidas.”

“A descoberta da viagem de ‘Isabela’ entre o Sul do Chile e as águas do Equador é importante e muito actual, uma vez que estamos a trabalhar para promover a recuperação da espécie”, disse Howard Rosenbaum, da Wildlife Conservation Society.

Podendo chegar aos 30 metros de comprimento, acredita-se que a baleia-azul é o maior animal que alguma vez existiu no planeta. A espécie foi caçada quase até à extinção por frotas comerciais baleeiras até ganharem protecção internacional em 1966.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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