Uma equipa de cientistas da University College London (UCL) analisou o comportamento de borboletas nocturnas e concluiu que são importantes transportadores de pólen no meio rural inglês.
O estudo foi publicado na revista científica Biology Letters e demonstra que o transporte de pólen realizado pelas borboletas nocturnas “é maior e mais complexo do que as redes dos polinizadores diurnos”, indica a UCL.
Estas borboletas pertencem ao grupo dos lepidópteros, tal como as borboletas diurnas, e são também chamadas de mariposas ou traças. De acordo com os investigadores, transportam pólen de muitas das plantas normalmente visitadas por borboletas, abelhas e abelhões, mas também outras espécies de flora menos visitadas por aquelas.
Por outro lado, costumam transportar o pólen muitas das vezes agarrado ao tórax ventral (peito) e não com a probóscide (língua), o que permite que seja mais fácil a transferência para outras plantas.
Ao contrário das suas congéneres diurnas, estas borboletas sentam-se muitas vezes nas flores enquanto se alimentam, o que leva a que os pêlos do corpo toquem nos órgãos reprodutivos das flores, explica o autor principal do estudo, Richard Walton.
“As borboletas nocturnas têm um papel ecológico importante mas subvalorizado. Complementam o trabalho dos polinizadores diurnos, ajudando a manter a população de plantas diversa e abundante.”
Em perigo e negligenciadas
Segundo este investigador, estes insectos também “providenciam uma espécie de cópia de segurança natural à biodiversidade” e sem eles “muitas mais espécies de plantas e animais, incluindo aves e morcegos que delas dependem para comer, estariam em risco”.
Os cientistas chamam também a atenção para a situação actual destes insectos, que enfrentam fortes declínios populacionais um pouco por todo o mundo.
“As borboletas nocturnas, que têm muitas mais espécies do que as abelhas, têm sido negligenciadas pela pesquisa sobre polinizadores”, nota outro autor do estudo, Jan Axmacher. “O nosso estudo revela a necessidade urgente de serem incluídas na gestão agrícola futura e nas estratégias de conservação para ajudarmos a travar o declínio.”
“Precisamos também de mais pesquisa para compreendermos o seu papel único e vital como polinizadores, incluindo o papel ainda desconhecido que t|em em colheitas agrícolas”, concluiu.