Investigadores do Museu Nacional espanhol de Ciências Naturais (MNCN-CSIC) e da Universidade de Giessen (Alemanha) estudaram a influência da temperatura na abundância de parasitas nos ninhos de chapim-azul (Cyanistes caeruleus) na Alemanha e em Espanha, duas localidades com condições ambientais muito diferentes.
O estudo, publicado na revista International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife, mostra que em ambas as zonas as condições microclimáticas dos ninhos influenciam o tipo e a quantidade de parasitas que aparecem. A presença de parasitas pode afectar as crias e os progenitores, o que é importante para prever os efeitos das alterações climáticas sobre a incidência de doenças parasitárias e a sobrevivência dos hospedeiros.
“Quando tentamos prever o efeito que as alterações climáticas terão sobre a relação parasita-hospedeiro, é importante ter em conta as alterações da temperatura a uma pequena escala”, explicou Francisco Castaño-Vázquez, investigador do MNCN, em comunicado. “Por isso, no nosso trabalho perguntámos como a temperatura dentro do ninho afecta a abundância de parasitas. E escolhemos o chapim-azul porque é considerada uma espécie modelo”, acrescentou.
Para esta investigação, durante o período de reprodução do chapim-azul em 2017, os investigadores aumentaram artificialmente a temperatura das caixas-ninho das aves, diminuindo consequentemente a humidade, em duas localidades da Alemanha (entre as cidades de Giessen e Pohlheime) de Espanha (em Valsaín, Segóvia), esta última com condições ambientais mais quentes e secas.
“Tal como esperávamos, observámos que o tipo de organismos que parasitam os ninhos são diferentes em ambos os lugares. Por exemplo, enquanto que na Alemanha é mais frequente que apareça a Ceratophyllus gallinae, em Espanha foram mais frequentes os mosquitos do género Culicoides e os parasitas sanguíneos”, explicou Santiago Merino, também investigador do MNCN e o seu actual director.
“Por outro lado, ainda que a presença de larvas de alguns ecotoparasitas tivesse sido menor nos ninhos onde aumentámos a temperatura artificialmente, observámos que os machos de chapim-azul que visitaram os ninhos mais quentes na Alemanha e os ninhos sem serem manipulados em Espanha tinham uma maior carga de parasitas sanguíneos. Além disso, descobrimos que os machos e as crias com mais parasitas tinham, respectivamente, menor peso corporal e longitude alar”, disse Castaño-Vázquez.
“Por isso, dado que as doenças parasitárias afectam o estado físico destes animais e, eventualmente, a sua sobrevivência, é imprescindível continuar a estudar nesta linha para prever os efeitos do aquecimento global sobre o parasitismo”, conclui o investigador.